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Myrna Silveira Brandão, de Berlim

 

Com “Separados pelo sangue”, “O abrigo” e “Amor bandido”, o diretor americano Jeff Nichols está rapidamente se tornando um dos cineastas mais promissores de Hollywood. “Midnight special”, seu novo filme, não é menos eletrizante do que os três últimos. Não é sem razão que ele está na 66ª edição do Festival de Berlim concorrendo ao Urso de Ouro e foi muito bem recebido tanto na sessão para a imprensa quanto para o público.

 

O filme é um thriller de ficção científica inspirado por obras de John Carpenter e é o primeiro trabalho de estúdio de Nichols. Neste novo projeto, o diretor está novamente trabalhando com seu constante colaborador, o ator Michael Shannon vivendo Roy, um pai desesperado para proteger Alton, seu talentoso filho de oito anos de idade, interpretado pelo estreante Jaeden Lieberher.

 

Ajudado pelos personagens interpretados por Joel Edgerton e Kirsten Dunst, Roy tem que correr para levar Alton a um local secreto, enquanto é perseguido por uma seita religiosa extremista liderada por Sam Shepard e uma força-tarefa governamental chefiada por Adam Driver. É uma perseguição, que poderá resultar em um evento que mudaria o mundo.

 

Na coletiva após a projeção, Nichols respondeu descontraído à saraivada de perguntas dos jornalistas. Leia os principais trechos:

 

É um filme de inspiração na linha do John Carpenter?

 

“É uma história de perseguição sci-fi e eu quis dar ao filme um tom similar aos filmes do gênero”.

 

Cada um de seus filmes tem uma emoção específica. Qual é a de Midnight Special?

 

“Eu tenho um filho de três anos de idade. Se “Take shelter” (O abrigo) foi o filme feito por alguém que estava prestes a ser pai com a ansiedade que vem com isso, “Midnight special” é o filme feito por um cara que já é pai. Assim, é definitivamente sobre a maneira como me sinto sobre meu filho e também a perspectiva de um pai escrevendo sobre um filho. Essa é a âncora emocional, o motor que o impulsiona. E é ainda é um filme sobre família”.

 

Michael Shannon atua em todos os seus filmes. Há uma grande sintonia entre vocês?

 

“Eu gosto muito de trabalhar com ele, nós nos adequamos um ao outro, eu sinto isso. Gostamos de trabalhar juntos, respeitamos um ao outro. No primeiro dia da filmagem ele não apareceu e, no segundo, quando chegou foi como se meu irmão mais velho aparecesse”;

 

 

Esse é seu primeiro filme de estúdio. Como foi o processo?

 

“Eles foram incríveis. Permitiram que eu mantivesse meu controle criativo e me deram exatamente o que eu esperava. Eu queria alguém me falando sobre estratégias de lançamento, sobre cartazes para o filme e todo o caminho a seguir, inclusive me dando conselhos. Enfim, eu não queria alguém que ficasse completamente fora do meu caminho, mas também não queria alguém preenchendo todo esse caminho. Foi realmente uma grande colaboração criativa, que é o que eu esperava”.

 

Agora você tem um pacote indie e um filme de estúdio. Há possibilidade de haver um filme de franquia em seu futuro?

 

“Eu não sei, mas estou aberto a qualquer coisa. A confiança que eu adquiri fazendo esses filmes, fez com que eu apostasse mais em meu instinto e, se ele não está se sentindo bem, não devo forçá-lo. Eu preciso ter confiança suficiente no processo e isso foi o que aconteceu agora. Eles me deram a confiança de que eu seria muito bem cuidado e também seria ouvido”.