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Myrna Silveira Brandão, de Nova York

 

A cidade de Nova York está totalmente envolvida com a visita do Papa Francisco: policiamento ostensivo, muitas ruas fechadas, multidões nos lugares onde ele irá passar e policiamento ostensivo. Até o Festival de Nova York, que tradicionalmente abriria para o público nesta sexta-feira (25.09), transferiu sua abertura para sábado. As sessões prévias para a imprensa, no entanto, continuaram normalmente e nesta sexta-feira a grande atração foi “Mia Madre”, de Nanni Moretti.

O diretor italiano foi muito aplaudido na sua volta ao NYFF, onde “O quarto do filho”, um dos seus filmes mais celebrados, fez muito sucesso em 2001.

“Mia Madre”, que é autobiográfico, conta a crise emocional vivida por Margherita (Margherita Buy), uma cineasta, cuja mãe (Giulia Lazzarini, mito do teatro europeu) está à beira da morte.

Margherita está no processo de filmagem de um longa-metragem politizado sobre conflitos entre operários e donos de fábrica.

Ela é, na verdade, uma espécie de alter ego de Moretti, que se inspirou na morte da própria mãe para fazer o filme. Embora, em muitos momentos, com sequências bem-humoradas, “Mia Madre” levou alguns espectadores às lágrimas.

Moretti interpreta Giovanni, o irmão de Margherita, e o ator americano John Turturro tem uma atuação impagável no papel de um canastrão no longa que ela está realizando.

Moretti é um dos principais cineastas de sua geração e uma esperança de contribuição para o renascimento do cinema italiano.

Na coletiva após a projeção – da qual participou o LABORATÓRIO POP – o cineasta falou da mescla de dor e humor da trama e como trabalha os sentimentos em seus filmes.

 

Por que a opção de misturar comédia e drama numa mesma história?

“Meus filmes sempre tiveram esses dois aspectos, com momentos de dor e outros divertidos. Mas não se trata propriamente de uma estratégia, é apenas uma maneira de contar a vida das pessoas”.

Giovanni é o alter ego de Moretti?

“O personagem tem muito a ver comigo, mas não tudo. Giovanni talvez seja a pessoa que eu gostaria de ser. Esse é um filme com muito de mim em suas várias camadas, que tentam representar a vida tal como ela é: com momentos dolorosos e momentos de alegria”.

Fica mais fácil expressar os sentimentos das pessoas abordando fatos de sua própria vida?

“Na verdade, não faço filmes somente sobre a minha vida, mas sobre os sentimentos que estão aflorando em determinado momento”.

 Qual receptividade espera do público?

“Como espectador eu gosto de um filme quando, após vê-lo, o levo comigo e continuo pensando nele. Espero o mesmo do público”.