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Myrna Silveira Brandão, especial para o LABORATÓRIO POP, de Berlim

 

Dieter Kosslick, diretor do Festival de Berlim, deu início à cerimônia de premiação da 67ª edição do evento na noite deste sábado (18). “On body and soul”, de Ildikó Enyedi, da Hungria, foi o grande vencedor, conquistando o Urso de Ouro. O filme ganhou também o prêmio da crítica internacional (Fipresci) e o Prêmio Ecumênico. O longa traz uma história onírica e incomum baseando-se na dualidade entre dormir / despertar e mente / matéria .

“Foi uma longa viagem para chegar até aqui. Obrigada a todos e ao júri”, disse Enyedi, visivelmente emocionada.

O Brasil concorria com “Joaquim”, de Marcelo Gomes, drama histórico que desconstrói a figura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. O Grande Prêmio do Júri foi para “Félicité”, de Alain Gomis, do Senegal.

“Quero reconhecer a importância deste filme para o povo senegalês. E dizer que Véro (Tshanda Beya, a protagonista) foi um presente para mim”, declarou.

O prêmio Alfred Bauer (pelo trabalho inovador), foi para Agnieszka Holland, com “Spoor”.

A diretora polonesa agradeceu ao produtor e aos atores e resumiu: “Precisamos de novas perspectivas. Precisamos de filmes corajosos”.

O prêmio de melhor roteiro foi para os chilenos Sebastián Lélio e Gonzalo Maza, por “Una Mujer Fantástica”.

Lélio agradeceu ao festival e deu uma definição para o longa.

“É um filme sobre o amor”, resumiu o diretor, dedicando o prêmio para a protagonista Daniela Vega.

Aki Kaurismaki ganhou o prêmio de melhor diretor por seu filme “The other side of hope”.

“Senhoras e Senhores, muito obrigado”, disse simplesmente o cineasta finlandês.

Georg Friedrich ganhou o prêmio de melhor ator pela atuação em “Bright Nights”, de Thomas Arslan.

O prêmio de melhor atriz foi para Kim Minhee por “On the beach at night alone”, do sulcoreano Hong Sangsoo, desbancando a grande favorita Daniela Vega, por seu desempenho em “Una Mujer Fantástica”. Mas a plateia não deixou de aplaudir Minhee quando subiu ao palco para receber seu prêmio.

BALANÇO

Mantendo o viés político – uma de suas principais características – a Berlinale apresentou muitos filmes com temas presentes na realidade e nas turbulências do mundo atual. Como havia dito Dieter Kosslick, diretor do festival, “os filmes se pautaram por títulos que traduzem o sentimento de desilusão da sociedade diante das convulsões sociais e políticas recentes”.

A qualidade da programação foi bastante heterogênea e poucos filmes causaram impacto. As exceções foram “Logan” e “T2 Trainspotting”.

Mais uma vez, o festival promoveu muitas ações de apoio aos refugiados e imigrantes, como oferta de tickets para filmes, cursos, , palestras, acompanhamento por mentores e campanhas de doação.

Além de concorrer ao Urso de Ouro na mostra oficial, o Brasil teve uma significativa presença nesta edição, com 12 filmes selecionados para várias mostras e, na maioria das vezes, as sessões aconteceram com ingressos esgotados.

“Pendular”, de Julia Murat, ganhou o importante Prêmio da Crítica Internacional (Fipresci), como o melhor filme da Panorama. A história mostra a tensa relação entre um escultor (Rodrigo Bolzan) e uma dançarina (Raquel Karro). Mas houve também muitas manifestações sobre o governo do Brasil, pedindo a preservação das políticas do audiovisual brasileiro. Além de protestos emdiversas sessões de filmes como “Pendular”, “Rifle” e outros, ocorreu também na recepção da Embaixada do Brasil na Alemanha, que todos os anos é oferecida para os brasileiros presentes no festival.

Na coletiva de imprensa de “Joaquim”, o diretor Marcelo Gomes leu uma carta dirigida à comunidade cinematográfica internacional pedindo apoio. Ele repetiu a leitura na sessão de gala do seu filme no Palácio dos Festivais.

VENCEDORES DOS PRINCIPAIS PRÊMIOS

– Urso de Ouro: “On Body and Soul”, de Ildikó Enyedi

– Urso de Prata – Grande Prêmio do Júri: “Félicité”, de Alain Gomis

– Urso de Prata – melhor diretor: Aki Kaurismaki por “The Other Side of

Hope”.

– Urso de Prata – melhor ator: Georg Friedrich , em Bright Nights, de

Thomas Arslan.

– Urso de Prata – melhor atriz: Kim Minhee por “On the Beach at Night

Alone”, De Hong Sangsoo.

– Prêmio de melhor roteiro: Sebastián Lélio e Gonzalo Maza por “Una Mujer

Fantástica”.

– Prêmio Alfred Bauer – trabalho inovador (uma homenagem ao fundador da

Berlinale): Agnieszka Holland com “Spoor”.

– Prêmio da Crítica Internacional (Fipresci) para a mostra oficial: “On Body

and Soul”, de Ildikó Enyedi (Hungria)

– Prêmio da Crítica Internacional (Fipresci) para a Panorama: “Pendular”, de

Julia Murat (Brasil)

– Prêmio da Crítica Internacional (Fipresci) para a Fórum: “A Feeling Greater

Than Love”, de Mary Jirmanus Saba (Líbano).

– Prêmio Ecumênico: “On Body and Soul”, de Ildikó Enyedi (Hungria)

– Prêmio Teddy Award – para filme com temática homossexual: “Una Mujer

Fantástica”, de Sebastián Lélio

– Prêmio de audiência da Panorama Principal: Insyriated, de Philippe Van

Leeuw (Bélgica / França / Líbano)

– Prêmio de audiência da Panorama Documenta: I am Not Your Negro, de

Raoul Peck (França / EUA / Bélgica / Suiça)

– Melhor filme da Mostra Generation: – Urso de Cristal: Little Harbour, de

Iveta Grofova – República Tcheca

– Melhor curta-metragem: Cidade Pequena, de Diogo Costa Amarante