Myrna Silveira Brandão

O Festival de Berlim dá início à sua maratona cinematográfica na noite desta quinta feira com a estreia mundial, em sessão de gala, do filme “The kindness of strangers”, da diretora dinamarquesa Lone Scherfig.

Dieter Kosslick, diretor do festival, ao fazer o anúncio, já havia manifestado sua satisfação por ter Scherfig abrindo o evento.

“É adorável que Lone Scherfig esteja de volta e que seu trabalho mais recente abra a Berlinale 2019. Seu sentimento por personagens, emoções fortes e humor sutil promete um começo maravilhoso para o festival”, ressaltou.

Lone, por sua vez, disse que estava honrada por Kosslick ter selecionado seu filme para celebrar uma noite tão festiva e importante.

“Será uma grande alegria assisti-lo pela primeira vez ao lado do renomado público da Berlinale”, afirmou.

O filme – que também está na disputa pelo Urso de Ouro – é um conto de fadas moderno que se passa em uma época de agitação política e social, centrado em vários personagens que se cruzam num restaurante em Nova York.

A sessão de gala Palácio dos Festivais foi antecedida de uma coletiva com a diretora e a equipe do filme.

Sherfig contou que a origem do projeto era seu desejo de fazer um filme sobre pessoas que estão na pior, convivendo com problemas ou precisando de algum tipo de ajuda e na busca de um final feliz.

“Geralmente nos meus filmes, os personagens acabam bem”, complementou a diretora que, como sugerido pelo título, traz também uma história sobre bondade e solidariedade entre estranhos.

Scherfig é autora do ótimo “Educação”, que teve três indicações para o Oscar e foi exibido na Berlinale Special em 2009.

O início de sua carreira internacional foi o filme “Italiano para Principiantes”, que ganhou o Prêmio do Júri Urso de Prata e o da FIPRESCI – crítica internacional na Berlinale 2001.

Festival mantém o viés político

Ao longo dos 18 anos que esteve à frente da Berlinale, Kosslick – que está se despedindo nesta edição – manteve e fez crescer a característica do festival de ser conhecido pelo seu tom político e social, procurando sempre focar sua programação nas turbulências e conflitos do mundo atual,

Nesta edição esse viés fica visível principalmente na competição composta por filmes que tocam em temas como diluição das estruturas familiares, fatos políticos do passado que influenciam os dias de hoje, marginalizados e ênfase nas obras que privilegiam a diversidade e a inclusão social.

Júri Oficial

Como é de praxe, a manhã foi reservada para apresentação do Júri da mostra oficial que nesta edição será presidido pela atriz francesa Juliette Binoche.

Antes de participar de uma coletiva com a imprensa, Binoche apresentou seu Júri que, numa composição bem diversificada, é formado pelo crítico de filmes e escritor americano Justin Chang, a atriz alemã Sandra Hüller, o cineasta chileno Sebastián Lelio, o curador americano Rajendra Roy; e a produtora e atriz Trudie Styler (UK).