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Tears for Fears faz show perfeito em Las Vegas

Plateia embarca numa inesquecível experiência audiovisual imersiva

por Robert Halfoun

O BleauLive Theater, no hotel Fontainebleau, em Las Vegas, é um lugar “pequeno” para os padrões megalomaníacos da cidade. E mais: está novíssimo, uma vez que foi inaugurado há pouco mais de um ano.

Isso significa que foi construído com tecnologia de ponta para oferecer uma experiência audiovisual imersiva, para os 3.800 espectadores distribuídos em três níveis meticulosamente planejados, dos quais se tem visão perfeita do palco.

Desde que Roland Orzabal e Curt Smith se reuniram no ano passado, depois de 9 anos separados, vieram com uma proposta bem clara: reviver as grandes canções do Tears For Fears de maneira grandiosa, com arranjos e execução impecáveis. A intensidade do passado foi transformada em excelência na maturidade.

Foi isso o que se viu em 2024 e também na primeira das quatros apresentações pra lá de especiais no Fontainebleau ( 31 de janeiro, 1, 5 e 7 de fevereiro).

O repertório é o mesmo de Songs of a Nervous Planet, lançado em outubro de 2024. O disco dá uma bela geral na carreira da dupla com canções consagradas tocadas ao vivo e inclui ainda quatro músicas em estúdio. “Elas nasceram muito rápido, nos ensaios para os shows. E ficaram tão boas que decidimos colocar no álbum e fazê-lo um híbrido de estúdio e ao vivo, como Eps do passado”, declarou Orzabal.

A soma das condições do BleauLive Theater e a intenção de perfeição na execução das músicas resultou num show de cair o queixo, no qual fãs de carterinha dizem ter visto “a maior performance jamais vista do Tears For Fears”.

Destaque absoluto para o que pouco se tinha visto no palco, como canções do álbum The Tipping Point, incluindo a ótima faixa título, e as novíssimas de Songs of a Nervous Planet. “Astronaut” é tão boa que poderia estar, tranquilamente, no repertório de Seeds Of Love, de 1989, um dos grandes discos da história da música pop.

Ela inspira a capa do álbum e fala da insatisfação de viver num planeta nervoso com a informação supersônica que circula na palmas das nossas mãos, gerando uma “ansiedade temível e desnecessária”, dita por Orzabal ao descrever o nome do disco.
“Meu lugar não é aqui
Tenho um olho em um mundo diferente
E se eu ficar preso lá
Bem, não vou me importar”