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Com anos de luta, Beak chega um delirante indie-psych-trip hop

Muito elogiada, a banda embarca numa abordagem experimental sem amarras

por Robert Halfoun

Nomear um álbum com um símbolo ou algo impronunciável é uma tolice, especialmente num momento quem os robôs precisam de algo mais concreto para fazer buscas num oceano de informação.

Esse, no entanto, é o único erro do Beak ao lançar o álbum >>>> (2024). O disco reafirma a identidade singular da banda expande um mergulho mais do que interessante no krautrock minimalista, na psicodelia e trip hop, com uma abordagem experimental sem amarras.

Geoff Barrow, Billy Fuller e Will Young entregam, afinal, uma obra com uma assinatura rítmica hipnótica, ao mesmo tempo em que adicionam novas camadas de textura e nuances melódicas cujo resultado é atmosférico, viajandão. E ótimo!
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Desde a primeira faixa, “Strawberry Line”, a banda estabelece um clima imersivo, construído sobre grooves repetitivos e sintetizadores que parecem flutuar no espaço.

Há um equilíbrio preciso entre tensão e contemplação, algo que se estende por todo o disco. “The Seal”, por exemplo, evoca um senso de mistério com sua percussão seca e sintetizadores pulsantes, enquanto “Ah Yeh” remete à estética eletrônica orgânica, característica do trio.

O ponto forte de >>>> está em sua produção refinada. Diferentemente dos trabalhos anteriores, onde o som propositalmente lo-fi e cru era um elemento marcante. Melhor assim.

Para quem aprecia a estética krautrock moderna e os devaneios sonoros minimalistas, esse álbum é um convite para uma viagem sem pressa. Não à toa foi citado inúmeras vezes nas listas de melhores do ano, em 2024.