Cinema

Back to the URSS com ‘Mr. Jones’

Por Laboratório Pop


RODRIGO FONSECA
Acossada pelo totalitarismo, a União Soviética (1922-1991) registrada nos cliques e nas palavras do jornalista galês Gareth Richard Vaughan Jones (1905-1935) parece um filme de horror, cujas sombras hoje ecoam pela Europa, reverberando o legado de bons filmes da última Berlinale. Exibido na briga pelo Urso de Ouro de 2019, sob forte implicância da crítica, por sua estética clássica de épico, a cinebiografia de Gareth, “Mr. Jones”, dirigida pela polonesa Agnieszka Holland (de “O jardim secreto”) ganhou uma das mais inflamadas torcidas por prêmios da briga do festival alemão deste ano, ao cair no gosto do público. E ele, agora, vai para o Gdynia Film Festival, na Polônia, agendado de 16 a 21 de setembro. Para a imprensa germânica não especializada em cinema, ele foi um dos achados do Berlim. James Norton dá um show de atuação em seu desempenho na pele do repórter idealista que, após ter entrevistado Hitler, antes de seus planos de dominação global, decide embarcar para a URSS atrás de uma exclusiva com Stalin. A dica de que há uma crise de fome em solo ucraniano arrasta Gareth até lá, onde descobre um esquema de corrupção com a bênção stalinista por trás da escassez de alimentos que mata milhares de pessoas.
“Não consigo imaginar um crime institucional pior do que esse, naquela região, no século XX. Hoje, depois que Stalin posou entre os vencedores da II Guerra, seus atos são relativizados por uma parte da opinião pública russa, mas ele criou um zoológico humano”, disse a cineasta de 70 anos ao Laboratório Pop.