Carlos Augusto Brandão, de Nova York

Os filmes do diretor e roteirista Richard Curtis nos fazem sair do cinema mais leves e, pelo menos por um tempo, amando a humanidade. Foi o que aconteceu neste sábado (21), na 51ª edição do Festival de Nova York, na sessão de “About time”, seu novo trabalho. O filme também foi selecionado para  o Festival do Rio, que começa em  26 de setembro. Mostrado numa sessão prévia para a imprensa, “About time” é muito divertido e bem característico do estilo de Curtis,  roteirista dos ótimos “Quatro casamentos e um funeral” e Um lugar chamado Notting Hill”.

A história de “About time” é  sobre um pai de família, numa convincente interpretação de Bill Nighy, que tem um poder secreto passado de pais para filhos por gerações: eles podem viajar no tempo.

Lindsay Duncan  interpreta a esposa de Nighy, mas o foco do filme está na geração mais jovem,  num ótimo desempenho de Rachel McAdams e Domhnall Gleeson, vivendo um casal apaixonado.

Cheio de sutilezas, simbolismos e metáforas, o filme é, ao mesmo tempo,  engraçado e profundo ao abordar o sentido da vida e a  nossa presença neste planeta.

Curtis diz que,  embora não tivesse tido  a intenção de realizar uma autobiografia, há muitas semelhanças de “About time”  com sua própria história.

“O filme tem uma conexão com meus pais, com um irmão, uma irmã, já que tem a ver com amor. O protagonista é alguém muito próximo na forma como lida com a família”, diz o diretor ao LABORATÓRIO POP, enfatizando que, por isso, o personagem principal é o pai.

“Nesse papel, há um monte de sentimentos sobre o meu próprio pai e tive a sorte de ter Nighy interpretando o personagem; acho que ele está fantástico. Cada vez mais estou consciente que sou um homem muito ligado à família, principalmente nos últimos cinco anos, tendo perdido meus pais e  vendo meus filhos  crescendo. Enfim os laços vão se estreitando”, filosofa.

O cineasta  neozelandês de 57 anos,  que não filmava há tempo, diz que talvez este seja seu último filme.

 “Esperei um tempo para  realizar esta produção, que  pode ser a minha despedida .   Dirigir filmes é muito estressante, às vezes é necessário passar mais de mil dias obsessivamente dedicados a eles.  A vida de diretor é intensa, então eu estou tentando diminuir um pouco essa tensão.  Mas vou continuar a escrever, é  uma despedida parcial, digamos assim”,  revela, esboçando a mensagem que quis passar com “About time”.

“A mensagem ou a moral do filme, se é que há uma, é que devemos aproveitar cada dia da vida, sobretudo quando as coisas estão correndo normalmente”.