Carlos Augusto Brandão para o Laboratório Pop
Berlim
Com os cinemas da cidade lotados, não só pela temperatura amena das salas, mas também pelos bons filmes desta 64ª edição do Festival de Berlim, a mostra competitiva teve continuidade ontem (08.02) com The Beloved Sisters, do alemão Dominik Graf.
Embora tenha uma expressiva e diversificada carreira e seja considerado um dos principais diretores da Alemanha, Graf é pouco conhecido fora do seu país, certamente por seu trabalho ser mais voltado para a televisão, principalmente com séries de dramas criminais.
Mas por aqui tem muitos admiradores e também tem marcado presença na Berlinale onde esteve em 2002 na competitiva oficial com o thriller dramático A Map of the Heart e, no ano passado, com Lawinen der Erinnerung (Avalanches de Memória), selecionado para a seletiva Mostra Fórum.
Neste ano, ele volta a concorrer ao Urso de Ouro com um drama histórico coproduzido com a Áustria e a Suiça.
The Beloved Sisters conta uma história ambientada em 1788, em Rudolstadt, uma cidade provinciana da Alemanha.
Na pequena cidade, vive o poeta e filósofo Friedrich Schiller, autor de “The Robbers”, cujo amor é disputado por duas irmãs: a bela Caroline von Beulwitz que é infeliz no casamento e sente saudades de uma vida mais significativa; e Charlotte von Lengefeld, sua tímida irmã, que sonha em encontrar um marido.
Hannah Herzsprung e Henriette Confurius, que vivem as duas irmãs e Florian Stetter, que interpreta Schiller, têm um excelente desempenho transmitindo, na medida certa, as emoções e sentimentos que seus papéis exigem.
Na coletiva após a projeção – da qual participou o Laboratório Pop – Graf falou do filme, de sua carreira, da situação atual do cinema na Alemanha e revelou que uma de suas maiores paixões é a música.
“Eu toquei em bandas e estudei música, mas justamente porque a amava tanto, fiquei com medo de fazer dela minha profissão. Nessa época, com 22 anos, também vi os primeiros filmes que eu realmente gostei. Eles me levaram à decisão de cursar a Universidade de Televisão e Filme de Munique e, lentamente, desenvolvi um verdadeiro amor também pelo cinema”, contou o diretor que situa seu estilo entre filmes de arte e filmes de bilheteria.
“Quando eu comecei a fazer filmes, não procurei privilegiar nem os pequenos filmes de arte nem os grandes filmes comerciais. O que realmente me interessou foi o que acontece no meio, na área entre essas duas correntes”, afirmou.
Numa referência ao trabalho desenvolvido em The Beloved Sisters, Graf disse que é um longo filme de 171 minutos.
“É um estudo sobre o amor centrado no envolvimento romântico de Friedrich Schiller com as belas irmãs aristocráticas”, complementou, numa definição resumida para a história.
Manifestando sua descrença com a produção atual , o diretor disse que está difícil levantar dinheiro de forma independente.
“Quando eu comecei, em meados dos anos 1970, era mais barato fazer filmes de ação na Alemanha e em seguida, eles passaram a ser realizados diretamente para a televisão. Até que a televisão mudou sua imagem e agora temos uma situação onde as coisas ficaram bem mais difíceis”, ressaltou Graf, de 62 anos, nascido em Munique, na Bavária.