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Myrna, Silveira Brandão, de Nova York

 

Parceiro constante de Jacques Audiard – como roteirista de “O Profeta”, “Dheepan” e outros –   Thomas Bidegain tem uma estreia auspiciosa na direção com “Les Cowboys”. Depois de passar por Cannes e Toronto, o filme foi recebido com merecidos aplausos nesta sexta-feira (18.09), na 53ª edição do Festival de Nova York.

 

A história segue Alain (François Damiens) e a busca desesperada por sua filha que desapareceu repentinamente. Na medida em que os anos passam e as pistas vão enfraquecendo, a procura se torna obsessiva, principalmente depois que ele descobre que ela havia ido embora com seu namorado muçulmano.

 

É inevitável a imediata associação de “Les Cowboys” com “Rastros de ódio” (1956), mas fica claro que não se trata de uma imitação e sim de uma inspiração. O filme de Bidegain afasta-se do clássico de John Ford ao assumir proporções épicas no Afeganistão pós 11 de setembro.

 

Bidegain conta que estava trabalhando em outro projeto quando um amigo lhe falou sobre as comunidades rurais e a oportunidade de fazer um faroeste lá.

 

“Conversando com Noé (Debré, coroteirista do filme), nós inicialmente pensamos em fazer um remake ou uma adaptação, Mas quando a gente está com uma ideia em mente os personagens nascem. Escrevi alguma coisa, voltei a falar com ele, daí fizemos um documento curto de seis páginas, fui a um produtor e o filme aconteceu”, detalha o diretor, complementando que foi muito bom trabalhar com Debré.

 

“Ele é um grande escritor. Todas as vezes em que eu trabalhei com Jacques (Audiard) foi sempre um trabalho conjunto, que continuava durante a filmagem. Pedi para Noé fazer exatamente como eu fazia com Jacques e ele fez isso por mim”, reconhece Bidegain, sem deixar de destacar a importância da função do roteirista.

 

“Nos EUA, onde a política de autores é menos enraizada do que na França, há muitos roteiristas que se tornam diretores. Um deles, Charlie Kauffman costuma dizer que o roteirista é o inventor completo do filme. O diretor interpreta o script, os atores interpretam o roteiro, todo mundo precisa seguir o roteiro”, ressalta.

 

Falando sobre o elenco, explicou a razão da escolha do belga Damiens para ser o protagonista.

 

“Eu precisava de uma espécie de John Wayne e, como na maior parte das vezes os atores franceses tem uma pequena compleição, era necessário alguém grande que pudesse usar um chapéu de cowboy”, brinca Bidegain, que também incluiu no elenco o ator John Reilly, no papel de um empreiteiro americano.

 

“Ele é um ator raro, que pode fazer comédia ou drama e ser sempre comovente. Curiosamente, não foi difícil convencê-lo. Enviei um e-mail e ele respondeu confirmando que poderia estar no filme. Recentemente, John me disse que está disposto a continuar trabalhando com cineastas europeus”, revela.

 

Bidegain não está certo quanto ao futuro em termos de continuar como roteirista ou investir na direção.

 

“Na verdade, eu gostaria de escrever para mim e para os outros. Jacques diz que roteiro é uma vocação, dirigir é um estado de ser”, lembra Bidegain, que acha muito positivo o fato de estrear na direção já com uma razoável experiência na área cinematográfica.

 

“Ter a chance de dirigir um filme mais tardiamente ajudou bastante, inclusive pelo fato de eu estar menos virgem do que a maioria dos cineastas de primeira viagem. Além disso, eu não sentia necessidade de estar no centro das atenções, estava muito confortável como um roteirista”, afirma.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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