Por Myrna Silveira Brandão, de Berlim
Na edição 2009 do Festival de Berlim, Claudia Llosa surpreendeu a todos, quando seu filme “A teta assustada” foi anunciado como o vencedor do Urso de Ouro. Embora já tivesse demonstrado seu talento com “Madeinusa”, seu filme de estreia – que teve seu lançamento em Sundance 2006 – Llosa não estava na bolsa de apostas para ganhar o prêmio máximo do festival alemão naquele ano.
Agora ela está de volta à competição na mostra oficial com “Aloft”, que marca sua estreia na filmagem em inglês, com atores de várias nacionalidades e numa coprodução com a Espanha, Canadá e França.
Locado em Minnesota e em Manitoba, no norte do Canadá, e cobrindo dois períodos de tempo, o filme segue uma mãe (Jennifer Connelly) e seu filho (Cillian Murphy), separados há vários anos, desde que um trágico acidente marcou suas vidas para sempre. Ela se torna uma artista de renome e ele é um treinador de aves conhecido como falcoeiro. No período presente, uma jovem jornalista (Mélanie Laurent) tentará provocar um encontro para aproximá-los novamente.
A história é uma reflexão sobre o sentido da vida e da arte, discutindo a possibilidade de aproveitarmos a vida ao máximo, apesar das incertezas no nosso caminho.
Na coletiva com a imprensa, Llosa reconheceu a contribuição do seu ótimo elenco para o resultado do filme.
“Não encontro palavras para descrever o que significou trabalhar com um elenco tão maravilhoso. Jennifer é uma atriz incrível e de enorme sensibilidade. Sua qualidade humana e sua entrega me emocionaram”, declarou a diretora explicando que seu filme segue três personagens tentando construir uma vida plena, apesar de suas fragilidades e incertezas.
“É a história de uma mãe que abandona sua criança, de um filho que abandona a ele mesmo e sua própria habilidade de conviver com o peso de uma tragédia e de uma mulher que abandona sua vida para seguir uma obsessão”, definiu.
Para a diretora, o filme traça uma jornada através dos mundos da arte e da natureza mostrando como essas forças são impossíveis de serem compreendidas através de um pensamento apenas racional.
“É um filme sobre ciclos, estações, renovação, mudança, que força os espectadores a ir junto nessa jornada – uma jornada ao infinito, uma jornada para dentro deles mesmos”, resumiu Llosa, que é sobrinha do Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa.
A decisão de escolher Manitoba para as locações começou com o designer de produção espanhol Eugenio Caballero. Ele levou a ideia para Llosa e ambos resolveram realizar o projeto, com ajuda da estrutura local de turismo, conforme atestou Ron Lemieux, Ministro do Turismo, Cultura, Patrimônio e Desporto.
“Manitoba tem trabalhado para se tornar um centro de produção de filmes e se orgulha de ter tido um papel importante para ajudar na concretização deste magnifico filme ”, declarou Lemieux na ocasião dos acertos para a filmagem.