por Myrna Silveira Brandão, de Berlim

 

“The queen of the desert”, de Werner Herzog, foi o centro das atenções desta sexta (6) no Festival de Berlim,  na prévia para a imprensa mais disputada até agora.

 

Para começar, o filme tem um elenco estelar que, entre outros, inclui Nicole Kidman, James Franco, Robert Pattinson e Damian Lewis.

 

Herzog, por sua vez, já é um veterano no festival. Além de ter presidido o júri em 2010 na edição comemorativa dos sessenta anos da Berlinale,  ganhou em 1968 o Urso de Prata com “Sinais de vida”; em 1979 foi indicado ao Urso de Ouro com  “Nosferatu – O vampiro da noite” e em 2011 apresentou “A caverna dos sonhos esquecidos”, que marcou sua estreia na tecnologia 3D – apenas para lembrar algumas de suas passagens por aqui.

 

Seu novo filme é um épico que conta a história de Gertrude Bell (1868-1926), escritora, arqueóloga, espiã e exploradora inglesa conhecida como “A rainha do deserto”.

 

A ela é creditado o feito de ter estabilizado e formado a sociedade iraquiana após o esfacelamento do Império Otomano (1299-1923), criando a dinastia de reis que governaria o novo país.

 

Na coletiva após a projeção, Herzog, acompanhado de Kidman, Franco e Lewis, Herzog falou sobre que a origem  do filme surgiu através de um amigo.

 

“Ele disse que eu precisava ir  ao Oriente Médio conhecer a história de Gertrud Bell, uma história fantástica, sobre uma mulher fantástica que viveu numa época politicamente complicada”, explicou.

 

Sobre o elenco, disse que desde o início, Kidman era sua opção para ser a protagonista.

 

“Ela é ótima e atuou exatamente como eu esperava”, resumiu acrescentando que escolheu Pattinson porque precisava de um ator que parecesse, ao mesmo tempo, um garoto de escola e um homem muito esperto.

 

“Ele correspondeu plenamente e está ótimo no papel.  É um homem esperto e a voz é quase natural”, elogiou.

 

Deixando a modéstia de lado, explicou como é o seu trabalho com os atores.

 

“Eu procuro criar o ambiente para que eles estejam sempre no seu melhor.  Eu realmente cuido do elenco, não explico muito, mas eles se sentem seguros  e entendem  o tipo da dinâmica que eu crio”, detalhou.

 

Kidman contou que precisou se preparar previamente para viver Gertrude e, para isso, sentiu  necessidade de  fazer uma profunda pesquisa.

 

“O papel foi um esforço enorme, era um grande desafio interpretar uma mulher que definiu as fronteiras que existem hoje entre o Iraque e a Jordânia, fronteiras que ela negociou entre Churchill e diferentes líderes árabes”,  destacou a atriz, com muitos elogios para Herzog.

 

“Ele constrói um ambiente único que eu  chamo o mundo de Werner, que é um mundo diferente e glorioso”, elogiou Kidman  contando que quando ele a convidou, ela apenas perguntou se poderia levar suas crianças, no que ele prontamente concordou.

 

Ao final, Herzog manifestou sua satisfação em retratar uma mulher como Gertrude.

 

“Após Fitzcarraldo , Kasper Hauser  e  Aguirre,  fiquei feliz em finalmente poder fazer um personagem  feminino protagonista no meu filme”, ressaltou o diretor de 71 anos, que pode sair daqui levando um Urso para casa.