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Myrna Silveira Brandão, de Berlim

 

A diretora Anna Muylaert retorna ao Festival de Berlim com “Mãe só há uma”, selecionado para a Panorama, a mesma Mostra onde ela teve enorme sucesso na edição passada com “Que Horas ela Volta?” que saiu daqui com o prêmio de audiência. A sessão de “Mãe só há uma” foi bastante concorrida – Anna já é uma referência por aqui e a plateia estava ansiosa para assistir ao seu novo trabalho.

 

Inspirado livremente num caso real, o filme segue um adolescente que vai viver com sua família biológica, após sua mãe adotiva ser presa por sequestro de bebês em maternidades. A trama acompanha a transição do jovem ao seu novo ambiente e à sua nova identidade.

 

A história tem início mostrando Pierre, um jovem de classe média como tantos outros. Um dia a polícia bate à sua porta e sua vida vira de cabeça pra baixo. Após um exame de DNA, aquela que ele pensava ser sua mãe é presa. Pierre se vê forçado a trocar de mãe, de casa, de escola e de nome. Em sua nova identidade, ele passa a ser chamado de Felipe. É quando seus lados mais íntimos e ocultos vêm à tona.

 

Matheus Nachtergaele interpreta o pai do adolescente e Dani Nefussi vive as duas mães do protagonista, interpretado pelo jovem ator Naomi Nero.

 

Em entrevista ao LABORATÓRIO POP, Anna falou do filme, do seu tema central e sua expectativa nesta edição.

 

Qual a mensagem do filme?

 

Um dos cernes é a discussão da identidade. Mas há também uma questão delicada, o menino é transgênero, assunto muito presente nos dias de hoje, as coisas estão muito fluidas nas novas gerações, tudo parece muito normal.

 

É fato que o protagonista tem uma história ligada ao filme?

 

Ele tem um irmão transgênero e eu soube do fato pela mãe dele já no meio das filmagens. O que não muda nada é claro, mas é uma coincidência interessante.

 

Quais as diferenças e semelhanças entre este e Que Horas ela Volta? que teve tanto sucesso aqui?

 

Embora a questão da maternidade também esteja presente e exista uma semelhança com personagens jovens buscando o seu espaço, o restante é bem diferente. Este é realizado o tempo todo com câmera na mão ainda que com a mesma fotógrafa, enfim não dá para comparar um com o outro.

 

Você tem expectativa de ter a mesma receptividade do anterior?

 

Este agora é menos popular, não tem a pretensão de repetir o sucesso de Que Horas Ela volta?. Embora seja mais ousado, traz um tema mais jovem, mas também mais forte e mais fechado. Acho que não vai agradar a um público tão grande.

 

E quanto à possibilidade de prêmios para o filme?

 

“Que horas ela volta? foi vendido para 22 países da Europa, Ásia e Oceania. E é claro que a excelente receptividade no festival, os prêmios, tudo isso ajudou muito. Estou em Berlim, neste ano, com uma expectativa mais baixa, mas espero que “Mãe só há uma” encontre seu público, mas estar aqui já é uma vitória”.