Myrna Silveira Brandão, de Berlim
Fotos de Maria Antônia Silveira Gonçalves e Divulgação

O cineasta Karim Aïnouz é uma presença frequente na Berlinale, onde, entre outros filmes, apresentou “Aeroporto Central” em 2018 e “Praia do Futuro”, que concorreu ao Urso de Ouro em 2014. O diretor brasileiro-argelino está de volta nesta 70ª edição com “Nardjes A”.

No filme, Aïnouz parte em busca de suas raízes na Argélia. Ele se vê envolvido nos protestos pacíficos da “Revolução dos Sorrisos”, dirigida contra o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika. Filmado inteiramente em um iPhone, o documentário de Aïnouz concentra-se nos jovens Nardjes e seu ativismo em um momento de agitação política.

Selecionado para a Panorama, o filme foi muito aplaudido na sessão de lançamento lotada de brasileiros.

Radicado em Berlim, o diretor falou sobre a importância da seleção para o festival, a motivação para fazer “Nardjes A.” e os resultados esperados com o filme.

“É muito importante para o filme estar presente na Panorama, mostra que tem a tradição de exibir filmes que dialogam com questões urgentes do nosso tempo. A Berlinale é uma vitrine muito especial”.

“Tudo começou quando recebi o convite para fazer um filme. Fui à Argelia em busca de minhas origens, disposto a realizar um documentário sobre meu pai. Lá encontrei o país em convulsão e o projeto mudou. Como muitos jovens, homens e mulheres, Nardjes A. estava nas ruas por uma nova Argélia, ela é a alma do filme. Se ele suscitar empatia pelos personagens cumprirá sua função”.