Myrna Silveira Brandão, de Berlim

Hillary Clinton, que é retratada no documentário “Hillary”, de Nanette Burnstein, e é um dos destaques da prestigiada mostra Berlinale Special, participou da coletiva com a imprensa na qual estavam também Burnstein e os produtores Ben Silverman e Howard T. Owens. Ao falar sobre o filme, Burnstein explicou que não se trata de uma biografia e sim de trazer novas luzes sobre quem é a real pessoa retratada e por que é uma figura tão polarizada.

“O filme não tem a pretensão de convencer ninguém. E isso é bom num documentário para que perdure e não fique datado”, afirmou, contando a estratégia que adotou para colher os depoimentos.

“Antes das perguntas era importante ir mergulhando aos poucos e de forma intimista. As primeiras foram sobre infância. Ela é uma das mulheres mais conhecidas do mundo e ao mesmo tempo a maioria desconhece sua vida”, ressalvou a diretora, lembrando que a personagem é ao mesmo tempo vista com olhares não benevolentes e glorificada.

Como era esperado, Hillary foi instada a falar sobre as mulheres na política.

Lembrando o livro que escreveu, “What happened”, no capítulo que fala disso e como ela era praticamente a única, complementou:

“Eu era alvo de todas as expectativas e frustrações impostas a uma só pessoa”, disse, acrescentando que é importante ter mais mulheres de novos partidos e até com outras ideias, mesmo as conservadoras.

Quanto à sua posição sobre a possibilidade de os Democratas poderem escolher um candidato socialista, preferiu sair pela tangente:

“Vou apoiar o que o partido decidir”.

O produtor Silverman lembrou que Hillary comprometeu sua vida pela política certamente deixando de lado muitas escolhas pessoais.

“O filme dá um quadro mais amplo procurando mostrar outros lados dela”, destacou.

Respondendo a uma pergunta sobre o seu legado, Hillary disse:

“Não estou numa fase de olhar para trás e sim para frente”, ressaltou, complementando que é preciso aposentar Donald Trump.