HOMENAGEM A CARLOS AUGUSTO BRANDÃO

A Laboratório Pop chora ao lembrar tantas coberturas brilhantes da Berlinale nos deu nosso amigo Carlos Augusto Brandão, que nos deixou em 4 de maio de 2019. Uma figura de notável importância para o cinema, brasileiro e mundial. De enorme sensibilidade, de enorme talento e enorme ética. Vamos a Berlim agora sem ele, com uma dor enorme no peito, mas com o seu legado que carrega sua mulher, Myrna Silveira Brandão. Que ela leve adiante seu nome e sua obra. A nós só nos resta saudades. Nos vemos um dia, Brandão. Cuide de nós. (Mario Marques, CEO da LabPop Group)

Myrna Silveira Brandão

O Festival de Berlim se prepara para celebrar, em grande estilo, sua comemorativa 70ª edição, que começa na próxima quinta feira (20.2) e vai até 01 de março. A largada oficial acontece com a sessão de gala de “My salinger year”, do canadense Philippe Falardeau, que terá estreia mundial no Berlinale Palast. Estrelado por Margareth Qualley e Sigourney Weaver, o filme segue a aspirante a poeta Joanna (Qualley), que trabalha como assistente da agente literária Margaret (Weaver).

BRASIL

A participação brasileira é uma das melhores dos últimos anos. Além da maciça presença em paralelas, está na mostra oficial disputando o Urso de Ouro com “Todos os mortos”, de Marco Dutra e Caetano Gotardo. O filme é um drama de época sobre três mulheres reféns das memórias da fazenda da família, que não conseguem acompanhar a modernização de São Paulo no período.

O Júri da mostra – presidido pelo ator britânico Jeremy Irons – tem entre seus membros o crítico e cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho, diretor de “Bacurau”.

A presença em outras mostras acontece com 18 títulos em produções e coproduções.

Na Panorama com: “Cidade Pássaro”, de Matias Mariani; “O Reflexo do Lago”, de Fernando Segtowick; “Vento Seco”, de Daniel Nolasco; e Rã, de Julia Zakia e Ana Flávia Cavalcanti, que concorrerá na mostra de curta-metragem
O cineasta brasileiro Karim Aïnouz, radicado em Berlim, apresentará seu novo filme Nardjes A. (coprodução com Argélia e França).

Na Geração com “Meu nome é Bagdá”, de Caru Alves de Souza; “Alice Júnior”, de Gil Baroni; e “Irmã”, de Luciana Mazeto e Vinicius Lopes.

Na Fórum com: “Luz nos Trópicos”, de Paula Gaitán; e “Vil, Má”, de Gustavo Vinagre.

Na Fórum Expanded com: “Apiyemiyeki?”, de Ana Vaz; “(Outros) Fundamentos”, de Aline Motta; “Jogos Dirigidos”, de Jonathas de Andrade; “Vaga Carne”, de Grace Passô e Ricardo Alves Jr.; e “Letter from a Guarani Woman in Search of Her Land Without Evil”, de Patrícia Ferreira, que é considerada a representante mais ativa do cinema indígena brasileiro.

Produções conjuntas com: “ChicoVentana también Quisiera tener un Submarino”, de Alex Piperno (Uruguai /Argentina / Holanda / Filipinas), coprodução brasileira Desvia; “Los Conductos”, de Camilo Restrepo (Colômbia), coprodução brasileira If You Hold a Stone; e “Un Crime Común, de Francisco Márquez” (Argentina), coprodução brasileira Multiverso.

MOSTRA OFICIAL

O programa da competição oficial inclui 18 filmes de 18 países, com 16 estreias mundiais.
Além de “Todos os mortos”, outros destaques incluem: Le Sel des Larmes, de Philippe Garrel – França / Suiça; Days, de Tsai Ming-Liang – Taiwan; The Roads Not Taken, de Sally Potter – UK; Undine, de Christian Petzold – Alemanha /França; e Siberia, de Abel Ferra – Itália / Alemanha/ México.

“Pinóquio”, do diretor italiano Matteo Garrone, que terá sua estreia no festival, será exibido em gala especial. O filme – uma releitura das peripécias do herói de Carlo Collodi – é estrelado por Roberto Benigni que vive Geppetto e Federico Ielapi que interpreta o boneco de madeira que sonha em ser de carne e osso

MUDANÇAS

Este ano marca também o início da nova direção do festival. Dieter Kosslick se despediu após 18 anos à frente do evento, tempo em que imprimiu forte viés político à Berlinale.

O italiano Carlo Chatrian, nascido em Turim em 1971, é o novo Diretor Artístico, e Mariette Rissenbeek, a Diretora Executiva. Eles assumiram o cargo ainda em 2019 para a necessária familiarização prévia com o festival.

“Temos tarefas diferentes, mas o mesmo objetivo: liderar o festival com sucesso! Herdamos um festival que não é apenas reconhecido como um dos maiores do mundo, mas também desempenha um papel significativo na indústria cinematográfica internacional. Estamos cientes da enorme tarefa que temos pela frente e agradecemos ao antigo diretor do festival, Dieter Kosslick, pelo trabalho que ele fez. Desejamos manter a Berlinale como um festival de audiência e como um festival para Berlim e estamos ansiosos para abraçar os novos desafios e oportunidades que o cinema no século XXI oferece ”, declarou Chatrian.

Os novos organizadores anunciaram a criação de uma nova mostra competitiva intitulada “Encontros”. Foram extintas as mostras paralelas – Culinary Cinema e NATIVe, esta voltada para produções de temática indígena. Os títulos que integrariam essas seções foram incorporados em outras mostras.

MOSTRAS PARALELAS

1 – Panorama

Para a prestigiada paralela da Berlinale, foram selecionados 18 filmes, incluindo 11 estreias mundiais e cinco estreias na direção, que abordam temas como pós-migração, conflito de gerações e outras turbulências do mundo atual. Além da expressiva participação brasileira, a delegação europeia domina a mostra – com ênfase na França e Alemanha e também com títulos da Áustria, Bélgica, Itália, Suécia, Federação Russa e Dinamarca – mas há também filmes dos EUA, UK, Índia, Singapura, Croácia, Argentina e Mongólia.

2 – Fórum

A Mostra, que está completando 50 anos, selecionou 35 filmes com 28 estreias mundiais.
Além dos brasileiros, um grande destaque é “El Tango del Viudo”, de Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento, que será o filme de abertura da mostra. Ruiz filmou o material no Chile em 1967, mas não conseguiu terminá-lo antes do seu exílio em 1973, o que foi realizado agora por Valéria, sua viúva (o diretor faleceu em 2011).

3 – Encontros

Um dos títulos mais aguardados é “Malmkrog”, de Cristi Puiu, que vai abrir a Mostra constituída de 15 títulos, que concorrerão aos prêmios de melhor filme, diretor e Prêmio Especial do Júri.

HOMENAGENS E RETROSPECTIVAS

A atriz inglesa Helen Mirren receberá o tradicional Urso Honorário, troféu pelo conjunto da obra.

Na retrospectiva, o destaque é uma seção de clássicos mostrados no ano em que a Fórum foi fundada (1971), que, entre outros, exibirá o “Obsessão” de Luchino Visconti

TÍTULOS DA MOSTRA OFICIAL

Berlin Alexanderplatz, de Burhan Qurbani – Alemanha / Holanda
DAU. Natasha, de Ilya Khrzhanovskiy, Jekaterina Oertel – Alemanha / Ucrânia / UK / Federação Russa
The Woman Who Ran, de Hong Sangsoo – República da Coréia
Delete History, de Benoït Delépine, Gustave Kervem – França / Bélgica
The Intruder, de Natalia Meta – Argentina / México
Favolacce, de Damiano & Fabio D’Innocenso – Itália / Suiça
First Cow, de Kelly Reichardt – EUA
Irradiés, de Rithy Panh – França / Camboja
Le Sel des Larmes, de Philippe Garrel – França / Suiça
Never Rarely Sometimes Always, de Eliza Hittman – EUA
Days, de Tsai Ming-Liang – Taiwan
The Roads Not Taken, de Sally Potter – UK
My Little Sister, de Stéphanie Chuat, Véronique Reymond – Suiça
There is No Evil, de Mohammad Rasoulof – Alemanha / República Tcheca / Irã
Siberia, de Abel Ferrara – Itália / Alemanha / México
Todos os Mortos, de Caetano Gotardo, Marco Dutra – Brasil / França
Undine, de Christian Petzold – Alemanha França
Hidden Away, de Giorgio Diritti – Itália

HISTÓRIA

O Festival de Berlim já tem um enorme legado no mapa do cinema. Iniciado no já longínquo 6 de junho de 1950, teve sua primeira edição com “Rebecca”, de Alfred Hitchcock estrelado por Joan Fontaine, como a grande homenageada daquele ano.

Criado por americanos que ocupavam parte da cidade depois da 2ª Guerra Mundial, e por iniciativa pessoal do oficial Oscar Martay, o nome original era então Berlin International Film Festival.

Hoje a Berlinale, como passou a ser conhecida é juntamente com Cannes e Veneza, um dos três festivais cinematográficos mais importantes do mundo.