RODRIGO FONSECA
Todas as listas de apostas cinéfilas para 2024 destacam “Mickey 17”, sci-fi com Robert Pattinson (o Batman atual), por conta da grife autoral em seus créditos de direção: Bong Joon Ho. É responsabilidade dele o cult “Parasita”(a Palma de Ouro de 2019). Amaparado em seu ator-fetiche, Song Kang-ho, o diretor hoje abrilhanta a grade da Amazon Prime com “Gisaengchung”, que é título original desse filmaço lançado há cinco anos. Por isso, geral está ligado em sua parceria com Pattinson.
O sucesso de bilheteria de “Parasita”, a partir de Cannes, surpreendeu exibidores: orçado em US$ 11,4 milhões, ele faturou US$ 259 milhões.
“Eu me considero um realizador de filmes de gênero, que lida com cartilhas próprias, mas que busca fugir de obviedades. E tenho um lado passional: quando ‘O hospedeiro’ foi lançado eu lembro de ter sentido muito ódio de filmes de monstro como o meu”, disse o cineasta na coletiva de imprensa dos vencedores de Cannes – e ele venceu com unanimidade do júri.

Hilário… pelo menos até o momento em que descamba para o derramamento de sangue, “Parasita” pode ser descrito como um thriller social. Sua trama segue os passos de uma família de picaretas profissionais que inventam as mais estapafúrdias ideias para se esquivarem de guardas que podem prendê-los pelos delitos que cometem. O foco aqui é a realização de um crime específico: infiltrar toda o clã na casa de um casal de ricaços, que precisa de babá, de governanta, de motorista. Todos estão dispostos a fingir que vieram para ajudar, cheios de empatia: mas o que querem é conforto, dinheiro, prazer, comida e roupa lavada. Mas há algo de inusitado guardado no porão do casarão que eles tentam transformar em lar.
“Miyazaki, o mestre japonês da fábula animada foi uma grande inspiração para a minha vida e para ‘Okja’, que concorreu à Palma em 2017. Mas aqui, não, eu preferi um modelo coreano a fim de ter um parâmetro. Minha influência aqui não vem da carga de liberdade da arte de Miyazaki, mas de um diretor, coreano específico: Kim Ki-Young, que dirigiu ‘A criada’ e nos deu uma forma particular de representação”, disse Bong, em Cannes.
No Brasil, Hércules Franco dubla Song Kang-ho. Vale lembrar que “Parasita” tem passagem garantida na Globo, via “Tela Quente”.
Nada se sabe sobre “Mickey 17” ainda, a não ser uma pífia premissa centrada em animação suspensa. Pattinson aparece em destaque nas fotos promocionais que já foram divulgadas.