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Deary revive Cocteau Twins e destaca-se na cena indie

Nasce algo tão relevante quanto a banda que abriu novos caminhos na música

por Mario Marques

Imagine a ressurreição do Cocteau Twins em pleno 2024? Impossível por vários motivos. O que é uma pena. Mas há herdeiros musicais espalhados por aí. E o mais bacana é o Deary, duo britânico quel lançou o EP Aurelia, em Novembro’24. A cantora e guitarrista londrina Dottie fez um casamento musical com o multi-instrumentista Ben Easton no meio da COVID-19, quando se uniram justamente pela idolatatria pela vocalista do Cocteau Twins, Elizabeth Fraser.

Vale lembrar, Fraser canta de um jeito emocional e abstrato, às vezes com palavras que mal são entendidas, transformando a voz quase num instrumento. Muito por causa dela, o CT, dono de um estilo cheio de camadas de guitarras atmosféricas e os tais vocais bem etéreos, conquistou uma legião de fãs formada por quem queria ir além do punk e do syhthpop dos anos 1980.

De volta ao Deary e ao caos criativo dos tempos de Covid, a dupla começou fazendo colaborações online trancados em seus quartos. Lá escreveram as primeiras canções até que, finalmente, aposentaram as máscaras de proteção. O single de estreia, “Fairground”, foi lançado no início de 2023, com um remix de Saint Etienne e Augustin Bousfield algumas semanas depois. Em novembro daquele ano, a música foi incluída no EP de estreia da banda. As músicas seguintes tiveram a mão de Iggy B (Spiritualized, Penelope Isles) e bateria de Simon Scott, do Slowdive.

As coisas iam bem, mas algo dizia à Ben Easton que ainda não era hora de lançar algo definitivo. “Depois de um tempo, percebemos que havia coisas que precisávamos trabalhar, tanto na banda quanto fora dela. A canção “The Moth”, por exemplo, foi importante porque deixou claro direção que estamos seguindo agora: um som mais sombrio, meio gótico.

As seis canções de Aurelia, afinal, soam como Cocteau Twins puro, com a onda de Simon Raymonde ecoando por cada arranjo. “The drift” soa como se o CT tivesse renascido das cinzas. Puro Twins! E isso tem causado um barulho considerável. “É lindo quando as pessoas me contam como se conectaram com as músicas. Cada um tem uma história diferente e músicas favoritas diferentes”, conta Dottie.

O interesse geral abriu a agenda de show da dupla, especialmente na Europa. Claro, estamos falando de uma movimentação ainda underground, para conectados. E como é legal ver o nascimento de algo tão relevante, assim como o Cocteau Twins mostrou como o rock podia ser muito mais do que riffs e refrões pegajosos, trazendo um lado mais abstrato, cheio de beleza e emoção. Eles foram essenciais pra abrir novos caminhos na música.