Rodrigo Fonseca
Responsáveis pelo fenômeno de bilheteria “Intocáveis” (2011), visto por cerca de 20 milhões de pagantes e refilmado na Argentina e no EUA, os diretores Olivier Nakache e Éric Toledano vão encerrar o 72º Festival de Cannes (de 14 a 25 de maio) com a comédia dramática de tons motivacionais “Hors norme”. Nela, os astros Vincent Cassel e Reda Kateb vivendo educadores dedicados a crianças com autismo. A produção vai se chamar “The Specials” nos EUA e entra em cartaz na França em 23 de outubro.

Em janeiro, a dupla foi homenageada, em Paris, no Ministério da Cultura francês, com um prêmio especial de honra ao mérito, o Prix du Cinéma Français, na abertura da 21ª edição do Encontro Anual da Unifrance. Essa é a instituição que coordena e promove a circulação mundial de filmes e seriados francófonos pelo mundo. Há duas décadas, sempre em meados de janeiro, ela promove uma mostra das novas tendências dos diretores de seu país, atraindo cerca de cem artistas, entre estrelas, galãs e cineastas: chama-se Rendez-vous Ave Le Cinéma Français. O tributo à dupla Toledano e Nakache este ano coincidiu com o sucesso mundial do remake hollywoodiano do sucesso deles, “Amigos para sempre”. Kevin Hart e Bryan Cranston (o eterno Walter White da série “Breaking bad”) assumem os papéis que foram de Omar Sy e François Cluzet, respectivamente, na produção original.

“É a força da amizade que transpõe fronteiras”, orgulha-se Toledano, em entrevista concedida ao LabPop, na Espanha, durante uma palestra sobre o cinemão da França. “A gente construiu o projeto ‘Intocáveis’ para mostrar as diferenças de classe do nosso país sem uma carga clássica de sociologia, sem tintas políticas muito fortes. Daí termos escolhido um comediante popular de origem africana como, Omar Sy, para o papel do sujeito que veio das ruas e aprendeu a se virar com o que tinha. Era uma forma de a gente mostrar para as franceses a França de muitas culturas, miscigenada, que hoje nos forma. Acabou que esse retrato ganhou o mundo”.

No Brasil, “Intocáveis” foi transformado em uma peça de teatro, com Ailton Graça e Marcelo Airoldi, em 2015. Um ano depois, o cinema argentino adaptou a trama criada por Toledano e Nakache para a América do Sul, com Oscar Martínez e Rodrigo De La Serna – o filme foi traduzido por aqui como “Inseparáveis”. Agora é a vez de “Amigos para sempre”, dos EUA, que arrecadou US$ 20 milhões por lá, na semana passada, em apenas dois dias em circuito.

Sobre o novo filme, escolhido por Cannes, Nakache vibra: “Apostar no riso não significa repetir fórmulas. Nossas histórias cômicas, sempre pontuadas de emoção, são diferentes umas das outras. O público se cansa da mesmice”.

É Jim Jarmusch quem vai abrir Cannes com a comédia de zumbi “The dead don’t die”.