A canadense Tamara Linderman tem uma voz linda, de veludo, bem marcante. É ela que conduz Humanhood, o sétimo disco da Weather Station, agora mais madura do que nunca. Diria no seu ápice artístico.
O caminho muito bem trilhado até aqui passou pelo folk, pelo pop e chega num patamar de música contemporânea para bons ouvintes. Isto é para quem está disposto a mergulhar numa obra envolvente, com uma experiência sonora profunda e introspectiva.
A atmosfera sonora que permeia todo o disco é fascinante e sustenta canções inspiradas que revelam belas linhas melódicas. Elas surgem uma depois da outra. A sequência de “Neon Signs”, “Mirror” e “Window”, logo no começo do disco, é empolgante.
Mais à frente, “Irreversible Damage” revela um momento dos mais interessantes quando um diálogo é tatuado sobre a música, numa relação na qual surgem como uma coisa só, sem que um se sobreponha ao outro.
Ele trata de um tema bem pessoal ao mesmo tempo tão comum num mundo de relacionamentos que rompem porque um não consegue olhar para outros. E vem a frustração: “Quando você se despedaça em um milhão de pedaços ; consegue juntar os pedaços de novo?”
Humanhood traz mais: revela uma constante e urgente preocupação com a crise ambiental, típica do trabalho de Linderman. E reflete com propriedade sobre a desinformação e as divisões políticas, buscando jogar luz e otimismo ao valorizar as experiências humanas.
Estamos falando, afinal, de uma obra conectada e marcada pelo seu tempo. Dessas que surgem para ficar.