O esporro depois do silêncio. Taí uma boa definição para The Bad Fire, o novo e esperado disco do Mogwai, uma das grandes referências do post-rock.
Quieta desde 2021, a sempre inovadora banda escocesa ressurge impecável, melhor do que sempre foi. Embora mantenha a identidade inconfundível que marca a sua carreira, ela se aventura em territórios sonoros que mesclam o tradicional com o experimental, demonstrando uma maturidade que transcende fórmulas e expectativas.
Em outras palavras, o álbum não se limita a reproduzir o que já foi feito, mas busca expandir as fronteiras do post-rock ao integrar elementos que, sutilmente, remetem ao ambiente eletrônico e à música ambiente.
Não, não se assuste, a mistura não só enriquece a experiência, mas também nos convida a uma reflexão sobre o papel do som na construção de narrativas emocionais sem palavras (o disco é quase todo instrumental). Isto é, viaje para onde quiser, não tenha medo.
O caminho é cheio de contrastes, como a vida, onde há momentos de calma quase meditativa (com guitarras etéreas e arranjos minimalistas que se sobrepõem suavemente) e outros explosivos com uma intensidade que parece vir do nada. É delicadeza e força, alegria e tristeza, tensão e alívio, dor e gozo, numa montanha-russa emocional.
A produção de John Congleton, vencedor do Grammy, é meticulosa. Cada camada instrumental – desde as linhas de baixo pulsantes até os ecos distantes das guitarras – é trabalhada com atenção e permite que cada detalhe se destaque sem jamais ofuscar o conjunto.
The Bad Fire, vale dizer, foi gravado num período tumultuado para a banda, especialmente devido à grave doença da filha do multi-instrumentista Barry Burns – até o momento da redação deste texto, felizmente, se recuperando.
The Bad Fire nasce à flor da pele. Não poderia ser diferente.