24 Oscar

E o Oscar vai para ‘Oppenheimer’

Por Laboratório Pop

RODRIGO FONSECA
Se você não viu o ganhador do Oscar de Melhor Filme de 2024, consagrado com mais seis estatuetas, o estonteante “Oppenheimer” o circuito carioca vai te dar uma forcinha, numa sacada de mestre da ACCRJ, a Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro. A mostra anual do colegiado agendou para esta segunda, às 16h50, no Estação NET Rio, uma reflexão acachapante sobre as fornalhas de uma besta chamada Poder, nos EUA, em meio à II Guerra e à Guerra Fria. A soma total de vitórias dessa produção de US$ 100 milhões passa pelas seguintes categorias, além da de Melhor Longa: Direção (Christopher Nolan); Fotografia (Hoyte Van Hoytema); Montagem (Jennifer Lame); Trilha Sonora (Ludwig Göransson); Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr.); e Ator, dado ao esmagador desempenho de Cillian Murphy.
“Fizemos um filme sobre o criador da bomba atômica e, para o Bem ou para o Mal, estamos vivendo no mundo dele. Quero agradecer aos pacifistas deste planeta”, disse Murphy, depois de ser ovacionado.
A partir de hoje, o séquito de fãs do inglês Christopher Nolan, seu realizador, hão de proliferar… e muito. Oscarizado pelas mãos de Al Pacino, um apresentador incomum, o filme já somava cerca de 300 prêmios, entre eles troféus do Screen Actors Guild, do Producers Guild of America e do Directors Guild. São os três sindicatos mais fortes da indústria cinematográfica dos EUA. O voto deles define quem leva para casa os mimos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Definiu mesmo. Aliás, um detalhe: Pacino trabalhou com Nolan em “Insônia”
Visto por três milhões de pagantes no Brasil, depois de faturar US$ 957 milhões nas bilheterias internacionais, “Oppenheimer” já está no streaming, na Apple TV. Pode ser acessado por uma merreca na Amazon Prime Video Store, na Google Play e na YouTube Filmes. Agora, de volta às salas de projeção, pode bater a barreira do bilhão. Foi a terceira maior arrecadação mundial de lavra hollywoodiana em 2023, atrás apenas de “Barbie” (a primeirona da fila, com US$ 1.441.717.724,00 de lucro) e de “Super Mario Bros. Movie” (US$ 1,3 bilhão de receita).
Sua narrativa se concentra nos feitos do físico J. Robert Oppenheimer (1904-1967) na jornada científica para inventar de uma arma nuclear suprema. O jogo de sedução mefistofélico do governo norte-americano com ele foi, mais tarde, convertido em caça às bruxas.
Entre todas as suas bolas na caçapa, a tacada mais tocante foi a de Robert Downey Jr., que ao receber a láurea de Ator Coadjuvante, fez uma referência a seu passado de dependência química .“Eu precisava mais desse trabalho do que ele precisava de mim”, diz Downey Jr. Surpreendendo expectativas, que circundavam “Resistência”, a aventura japonesa “Godzilla Minus One” leva para o Japão o Oscar de Melhores Efeitos Visuais, no ano em que o personagem, chamado de O Rei dos Monstros, completa 70 anos de cinema.
Primeira estatueta a ter sido entregue na festa, após um atraso de cinco minutos e uma série de piadinhas mordazes do apresentador Jimmy Kimmel, o troféu de Melhor Coadjuvante foi dado a Da’Vine Joy Randolph, por “Os Rejeitados”.
Ganhador da Palma de Ouro em Cannes, em maio, “Anatomia de uma Queda” foi preterido pelo governo francês, em prol de “O Sabor da Vida”, porque sua diretora – Justine Triet – fez uma crítica ao tratamento dado pelas autoridades de seu país à Cultura. Mas, para dissabor da pátria de Emmanuel Macron, ela ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original. Já o vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado foi o aríete antirracista “Ficção Americana”, lançado diretamente na Amazon Prime. A direção do cineasta estreante Cord Jefferson (um prolífico roteirista de séries de TV e streaming) se baseia no romance “Erasure”, de Percival Everett.
Maior bilheteria de 2023, com US$ 1,4 bilhão de receita, “Barbie” só foi recompensada numa frente, a de Melhor Canção Original, dada a “What Was I Made For?”, de Billie Eilish e Finneas O’Connell. Já a ferocíssima disputa de Oscar documental coroou “20 Dias em Mariupol”, de Mstyslav Chernov. Sua trama fala sobre a guerra da Ucrânia, acompanhando o saldo do conflito sobre médicos, soldados e (sobretudo) vítimas. “É o primeiro Oscar da Ucrânia”, disse Chernov. “O cinema cria memória e a memória cria História”.

Nolan dirige Cillian

Premiação do Oscar 2024
Filme: “Oppenheimer”
Direção: Christopher Nolan (“Oppenheimer”)
Atriz: Emma Stone (“Pobres Criaturas”)
Ator: Cillian Murphy (“Oppenheimer”)
Atriz Coadjuvante: Da’Vine Joy Randolph (“Os Rejeitados”)
Ator Coadjuvante: Robert Downey Jr. (“Oppenheimer”)
Roteiro original: Justine Triet e Arthur Tort (“Anatomia de Uma Queda”)
Roteiro Adaptado: Cord Jefferson (“Ficção Americana”
Montagem: Jennifer Lame (“Oppenheimer”)
Fotografia: Hoyte Van Hoythema (“Oppenheimer”)
Direção de Arte: James Price, Shona Heath e Zsuzsa Mihalek (“Pobres Criaturas”)
Maquiagem e cabelo: Nadia Stacey, Mark Coulier e Josh Weston (“Pobres Criaturas”)
Figurino: Holly Waddington (“Pobres Criaturas”)
Melhor Filme Internacional: “Zona de Interesse”, de Jonathan Glazer
Curta documental: “A Última Loja de Concertos”, de Kris Bowers e Ben Proudfoot
Curta animado: “War Is Over!”, de Dave Mullins
Curta de ficção live action: “A Incrível História de Henry Sugar”, de Wes Anderson
Canção: “What Was I Made For?”, de Billie Eilish e Finneas O’Connell
Trilha sonora: Ludwig Göransson (“Oppenheimer”)
Som: “Zona de Interesse”
Efeitos visuais: “Godzilla Minus One”
Documentário: “20 Dias em Mariupol”, de Mstyslav Chernov
Animação: “O Menino e a Garça”, de Hayao Miyazaki