Erik Flaa é um norueguês de quem quase ninguém ouviu falar. Afinal, ele mal circula apenas pelos palcos do norte da Europa, desde Still That Bird is Singing, de 2008, álbum que parece acender uma pequena fagulha do que viria pela frente, 17 anos depois.
Tudo muda quando estacionamos em 21 de fevereiro de 2025, dia em que foi lançado o single “Fiesta for My Faillure”, pouco depois de “The Fence”, que chegou às plataformas de streaming um mês antes.
Se Erik havia sido esquecido no longo sumiço, mesmo para quem conhece a sua obra nas entranhas da música alternativa, agora faz essa mesma gente (nós inclusos) ficarem boquiabertos e de olhos arregalados a espreita de algo novo que, pelo visto, pode surgir a qualquer.
O potencial do que virá (virá?) pela frente, anote, é incomensurável.
“Fiesta for My Faillure” é uma das canções mais perturbadoras lançadas nos últimos tempos num encontro brilhante do prog do Jethro Tull com a loucura do Radiohead e a quebradeira irresistível do jazz.
Ela é resultado da trajetória do autor que começou a estudar música formalmente ainda criança, se dedicando a aprender diversos instrumentos e entender as fórmulas das composições de nomes como Bach e Beethoven.
Durante sua juventude, ele se envolveu em várias bandas e projetos musicais, o que lhe proporcionou uma rica experiência ao lado de outros músicos.
Com o passar dos anos, Erik Flaa se afastou de projetos em grupo para focar em sua carreira solo. Seu estilo musical, então, evoluiu de forma natural, com um foco crescente na composição instrumental e na criação de atmosferas sonoras complexas.
É isso o que vemos em Still That Bird is Singing e em “The Fence” composta, digamos, com a benção de Thom Yorke e que acaba viajando aos anos 1960 e depois misturando uma coisa com a outra.
Fato é que Flaa tem um talento excepcional para compor músicas introspectivas e inquietantes, que nos tiram do lugar comum.
Agora, em grupo novamente, ele mostra que gosta mesmo de experimentar e a sua natureza inovadora deve levá-lo à novos territórios da música contemporânea. Numa raríssima entrevista, ele diz que não é apenas um músico, mas “um contador de histórias, capaz de traduzir as emoções humanas em sons que tocam o mais profundo de cada ouvinte”. E quem dorme com um barulho desses?