RODRIGO FONSECA
Sensação do Festival de Berlim, de onde saiu com o Prêmio do Júri Ecumênico, “Deus é mulher e seu nome é Petúnia”, da Macedônia, chega enfim em solo carioca, na programação do Festival do Rio 2019, que abriu seus trabalhos na segunda. O filmaço da diretora Teona Strugar Mitevska vai ter projeção às 14h, no Kinoplex São Luiz. Delicado, mesmo em seu lado mais combativo, “God exists, Her name is Petrunya” é um drama de tom cômico, com base em fatos reais, sobre afirmação da condição feminina no embate contra a intolerância. No roteiro, sua realizadora passeia pelo machismo na religião, na Lei e no trabalho. Na trama, uma jovem que se apodera de uma relíquia vetada a mulheres vira um alvo para o ódio de seus conterrâneos. “A solidariedade é o caminho para as mulheres”, diz Teona, conhecida pela curta “Veta” (2001) e pela longa “When the day had no name” (2017). Em sua frenética narrativa, a cineasta sintetiza uma série de debates atuais, como a desigualdade salarial entre mulheres e homens, agressão, abuso sexual e fundamentalismo nas religiões. A trama de seu “Gospod postoi, imeto i’e Petrunija” (título original) segue uma historiadora desempregada, Petrunya, ou Petúnia (Zorica Nusheva), cheia de problemas com a mãe, resgata das águas de um rio gelado uma cruz cristã que foi jogada lá por um padre em um ritual de fé só para homens. Seu gesto incendeia uma onda conservadora de repúdio e ela acaba na delegacia, para depor sobre sua “transgressão”. “Venho de um lugar pequeno, onde os homens se acham espertos, mas, diferentemente de Petrunya, eu tenho chance de trabalhar com o que amo”, diz Zorica. Tem mais sessão dele nesta quarta, às 21h, no Estação Ipanema.