Rodrigo Fonseca
Catapulta pop para uma renovação pop das HQs, em sua criação, em 1993, Hellboy nunca teve uma dramaturgia muito requintada, seja como estrutura narrativas, seja como diálogo, mas o arrojo grotesco no traço de seu pai terreno, o desenhista Michael Jospeh Mignola, somado a motes originais (e incorretíssimos), compensava qualquer deslize ou qualquer roteiro ogro. Por isso, a acusação que fazem hoje de que a nova versão para os cinemas do demônio caçador de bestas do Além fracassou por resvalar na tosquice é imprecisa, embora não seja totalmente descartável. Numa Cannes que está com a cabeça em Jim Jarmusch e seu “The dead don’t die”, a ser exibido nesta terça-feira na Croisette, na abertura da 72ª edição do festival local, as sessões do filme baseado no universo de Mignola estão às moscas. O Lab Pop era a única alma não penada (até onde sabemos) na projeção das 19h20, com som original em inglês (e não a dublagem francesa) no multiplex Olympia. Orçado em US$ 50 milhões, a produção pilotada por Neil Marshall (do Bzíssimo “Centurião”, com Michael Fassbender) arranhou só US$ 22 milhões em sua carreira mundial até agora. Chega sexta ao Brasil, via Imagem Filmes, sonhando em dar uma mordida faminta nas bilheterias nacionais. Mas o mimimi das críticas gringas pode ser um pedregulho no meio do caminho do (anti-)herói de cornos serrados. No entanto, sob decibéis ensurdecedores de uma trilha roqueira (metida a heavy metal) gordurosa e mal distribuída, há uma aventura abusada, sanguinolenta, cheia de transgressões morais, vitaminada por uma inspirada atuação de Milla Jovovich (mais madura como intérprete, áspera no olhar, perfeita como vilã), capaz de evocar cults dos anos 1980. É uma espécie de “Os Aventureiros do Bairro Proibido” (1986), com John Carpenter na veia (diretor que, nesta quarta, vai receber o troféu Carroça de Ouro, em Cannes, na Quinzena dos Realizadores), mas fora de época. Seria um filmaço se tivesse sido lançado há três décadas. Mas não foi. Seu erro, além da carência absoluta de carisma de David Harbour no papel central, é o descompasso com o Presente, em uma forma de narrar que soa desterritorializada não por estilo (como é o cinema de Bertrand Tavernier ou de Arturo Ripstein), mas por desacerto, por incongruências com a estética dos quadrinhos. Sobre Milla… impecável em sua maldade misturada a uma mirada druídica de conexão com a terra, com as plantas, com os elementais. O “Hellboy” de Marshall é um clipe da Enya versão X-Rated, com uma fantasia lisérgica e gritadora. Ele agoniza onde o “Hellboy” de Guillermo Del Toro, um sucesso de 2004, serenava. Aqui, o diabo de coração bom precisa deter uma feiticeira que foi morta por Rei Arthur, mas cujo espírito sobreviveu. Alguns dos seres das trevas encarados pelo mocinho do longa-metragem, a golpes de sua manopla, têm uma engenharia de efeitos especiais primorosa, como Babba Yaga e sua casa mutante. Mas algumas das sequências de ação e algumas das metamorfoses digitais dos seres sobrenaturais beiram a canhestrice. Mesmo assim, a adrenalina é generosa e sem rédeas. E a piada com o signo de Capricórnio merece aplausos. A influência de Carpenter aqui não foi compensada por uma destreza da direção à altura de seu referencial genial.Mike Mignola merecia mais.
A serie de animacao mais tradicional criada por William Hanna e Joseph Barbera narra a eterna rivalidade entre o gato Tom e o rato Jerry. Apesar de ter sido exibida originalmente entre os anos 1940 e 1967, incialmente em formato cinematografico, ela ganhou outras versoes para a televisao a partir dos anos 1980.