Rodrigo Fonseca
Aclamado nas telas por seu desempenho inesquecível na love story LGBTQ “Elvis & Madonna” (2010) e laureado no Cine PE pelo ainda inédito “Os Príncipes”, em 2018, Igor Cotrim, poeta e ator de ímpeto autoral encontrou na TV um veio truffautiano para escoar sua veia lírica, no elenco de “Amor de 4 +1”. É esse o título da segunda temporada de “Amor de 4”, uma das séries de maior vigor dramático da grade do Canal Brasil, que vai ter repeteco na televisão, tendo um afiado quatrilho nas mãos (Branca Messina, Carolina Chalita, Igor e Nicola Lama) para uma temporada 0KM já em filmagem, em Búzios. É Marcelo Santiago (de “Vampiro 40º”) quem assina a direção, filmando no balneário do litoral do Rio. Paula Barreto é a produtora. As fotos desta reportagem são de Marcos Gaviglia.
No último episódio de “Amor de 4”, a temporada original, a casa das primas Elisa (Branca Messina) e Flávia (Carolina Chalita) em Itaipava é posta à venda. Com dificuldades em conseguir um comprador, elas decidem trocar a casa por um imóvel em Búzios. Miguel (Cotrim) flana pelo local com mil inquietações no peito e outras mil n’alma. Uma das novidades da nova temporada é o personagem Quique, surfista vivido por Gabriel Chadan, que chega para adicionar mais intriga na ciranda de afetos escrita e dirigida por Santiago. Aguarda aí que, logo logo, essas reviravoltas do querer chegam ao Canal Brasil. Mas Cotrim adianta algumas delas no papo a seguir:
Qual é a angústia afetiva central de Miguel?
Igor Cotrim: A angústia central dele é um amor que ele perdeu. E tem toda uma configuração do padrasto. Ele se sente mal pelo padrasto ter pago toda a educação dele, as aulas de piano que fizeram ele ser uma pessoa culta. O Miguel é um cara que veio de uma classe mais baixa, mas que teve benesses com esse padrasto e, por isso, ele conheceu uma pessoa que não era do que seria o métier dele, que é a Elisa. Numa dessas, a Flávia acaba me roubando da Elisa e eu perco ela para sempre. Mas o negócio é que ele é romântico… ele é realmente romântico. O Miguel é apaixonado pela Elisa, independente de toda a história com o Alain e de toda a melifluidade dela, ele ainda tenta lutar pelo amor ideal que ele sente que perdeu. É a parte pura dele que ele perdeu e tenta resgatar.
O que esse espaço do formato série oferece a um trovador com a tua voltagem poética?
Igor Cotrim: O melhor dessa série é a carpintaria do texto. É muito bem escrito. Então, a gente, literalmente, mete a mão na merda dos problemas de relacionamento e isso vai dando uma abertura de camadas que eu posso colocar no personagem, uma dualidade que é interessante e cada vez mais rico.
O que há de novo, fora Búzios, nessa topografia de afetos que o “Amor de 4.1” traz?
Igor Cotrim: Quando o Miguel conseguiu, finalmente, achar que resgatou a Elisa na primeira temporada, ela vai embora. Então, ele está mais esperançoso, mais maduro. Ele continua desagradável, mas ele está quase um enxadrista agora, esperando o tempo certo para poder chegar na Elisa. Ele espera um tempo para poder tentar reconquistar ela.