Rodrigo Fonseca
É o Real quem abre as portas de 2019 para o Instituto Moreira Salles, em sua plataforma de cinema, com uma reverência a um dos maiores documentaristas da História e sua fábrica de investigações sociais. Fundada em 1970, na fervura máxima da contestação política que nutriu os diretores da Nova Hollywood de inquietação ética, a Zipporah Films trabalha há quase cinco décadas na distribuição de um tipo de projeto que não interessa nadinha aos grandes estúdios, mas que faz evoluir a compreensão dos cinéfilos sobre grandes instituições ou sobre práticas nas raias da estética. É sob essa grife que nasceram olhares elegantes como “La Danse – O balé da Ópera de Paris” (2009), do mítico Frederick Wiseman. É ele quem vai inaugurar a primeira Sessão Cinética – evento mensal organizado pelo IMS em parceria com a revista Cinética – deste ano. A sessão acontece no IMS RJ no dia 10 de janeiro, às 18h, e no IMS SP no dia 17 de janeiro, às 18h30. O documentário, com a delicadeza típica de Wiseman nos enquadramentos, acompanha os bastidores e as apresentações de sete montagens da companhia de dança francesa. Após as exibições, haverá um debate com críticos da revista Cinética.
“Resistir não é um gesto midiático. Resistir é algo que tem a ver com a necessidade de se dizer algo ou de se investigar algo. Não existe invisibilidade no cinema. Assim que a câmera passa por alguém e flagra este indivíduo em suas atividades mais simples, ele já ganha subjetividade poética”, disse o cineasta, no lançamento de “La Danse”, na Europa. “O que eu aprendo de cada realidade é aquilo que você vê nos filmes, sem teses prévias. Eu tenho uma técnica, que é sempre a mesma: olhar e deixar a vida acontecer”.