RODRIGO FONSECA
Agraciado com uma crítica provocativa (e elogiosa) de Charlotte Garson e mais três páginas de entrevista na (cada vez mais) prestigiada revista “Cahiers du Cinéma”, “Anatomia d’Une Chute”, o thriller de tribunal que deu à francesa Justine Triet a Palma de Ouro de 2023, vai estrear na França no dia 23 deste mês ambiciosa por chegar até os Oscars, em Hollywood. Tem as mais sólidas credenciais para isso, começando pelo desempenho acachapante da atriz alemão Sandra Hüller. Nesta sexta, o filme segue com sua carreira em busca de holofotes em uma sessão para a imprensa no Festival de Locarno, na Suíça. No sábado, a cidade, com cerca de 16 mil habitantes, exibe o filme para sua população (e para convidados) na Piazza Grande, a praça central, onde longas e curtas são projetados ao ar livre.
Diretora de timbre narrativo requintado, conhecida por “Sibyl”(2019), Justine renova o filão das tramas de corte e toga, que tem um vasto histórico de sucesso popular, sobretudo em telas francesas, onde diretores como André Cayatte (1909-1989), famoso por “Somos Todos Assassinos” (1952) e “O Direito de Matar” (1950), consolidaram sua cartilha. O filme que ela leva a Locarno é uma produção de 6 milhões de euros, em tons policiais. Sua trama fala sobre uma escritora, Sandra Voyter (papel de Hüller), acusada pela morte do marido e esmagada pela mirada sexista por trás dessa acusação. O roteiro foi escrito por Justine em duo com Arthur Harari. Sua exibição não integra a disputa pelo Leopardo de Ouro deste ano.
Locarno segue até o dia 12.