Fundador do Laboratório Pop, Mario Marques, empresário da área de comunicação, e Robert Halfoun, publisher e ex-editor da “Bizz”, trocam papo rápido sobre o novo portal Laboratório Pop, que vai ao ar em 16 de janeiro de 2025 com olhar indie e novo design. A construção do projeto é de Robert Halfoun: “Vai ficar bonito e vamos monetizar com rock e cinema, e contribuir para revigorar o rock e a música boa no Brasil”, define Halfoun. “Há uma multidão de bandas e artistas produzindo música de verdade. E no Laboratório Pop isso terá tapete vermelho”, diz Marques, acrescentando que em novembro e dezembro vai montar o novo time para a empreitada

 

RHMario, você criou o LP há 21 anos. E fez história com ele. Como pretende conectar passado e futuro?

O Laboratório Pop surgiu na minha casa, em meio a um movimento forte de rock alternativo e de uma migração forte do mainstream para o mercado independente. Já passou por diversas fases, já esteve em alta, em baixa, já foi certeiro, já foi errante, já teve linha editorial perfeita e linha editorial errada. São 20 anos nesses altos e baixos, mas a marca sempre sobreviveu. E nada melhor do que agora, com o lixo imperando pelo Brasil, investir no nicho de música de verdade. Vamos reunir a galera experiente da ala de música, o Luciano Vianna (a maior antena indie do Brasil), o Marcelo Lobatto, você mesmo, e mais uma meia dúzia, e conectar com uma galera jovem, que tem a internet no cérebro e conhece de música brasileira e rock de verdade.

MM: Robert, qual a inspiração para o novo projeto do LP?

Mais do que partir de inspiração, o projeto do LP nasce de conexão com o que acontece agora e com o que vem por aí. LP vem com uma proposta high-end na qual reúne informação em todas as mídias, compras online dentro do nosso universo e, claro, participação ativa da audiência das mais variadas formas.

RH: É possível definir um perfil de audiência para o LP?

Não, não é possível. O LP já passou por momentos estranhos, e em alguns momentos eu não o reconhecia. Cada editor impôs sua forma, seu jeito e seu olhar. Mas vejo o Laboratório Pop como sempre vi o jornalismo de música: como uma curadoria, um separador do que presta e do que não presta. Por isso o novo portal será um grande seletor do melhor do cinema e o melhor da música. E, portanto, terá uma audiência qualificada.

MM: Em quanto tempo você desenhou o novo portal?

O LP é fruto de um processo contínuo que se aplica em muitas áreas da comunicação. Aqui adequada para a essência do produto. O desenho inicial é só o começo porque esse desenvolvimento não para nunca, estará em mutação para sempre.

RH: O que você já ouviu que vale por uma vida? E o que não ouviu e gostaria de ouvir?

Sem dúvida nenhuma o rock progressivo. Aos 15 anos, eu ouvia Gentle Giant, Premiata Forneria Marconi, IQ, Eloy, Rush, centenas de bandas que moldaram meu conhecimento musical. Eu atravessei essas décadas sem conseguir ouvir punk rock, com uma ou outra exceção por obrigação. A turma do pós-punk, mais musical, me moveu mais.

MM: Você editou a revista Bizz. O que você trouxe de lá pro LP?

Independência acima de tudo. E conhecimento profundo do passado para entender o presente e projetar o futuro. Tudo isso sem conversinha, indo direto ao ponto. Sabemos quem são os nossos ídolos, as nossas referências e o que realmente importa. O que tem o que não tem valor.

RH: Rock in Rio em uma palavra…

1985.

MM: O que você está ouvindo?

O de sempre. Ou seja, tudo. Eu sou a música com pernas e braços! Mas não tenho nenhuma paciência para coisas efêmeras, para música ruim. Posso ir sem escalas do Crumb às Breeders e acabar no Slayer.

RH: E que história é essa de que o rock morreu?

Para quem aceita porcaria como algo aceitável morreu. Para quem segue firme gastando tempo ouvindo coisas novas e do passado segue bem vivo. Eu estaria em modo depressivo hard se eu estivesse numa redação tendo que escrever sobre Ludmila e Anitta. É um troço que não deveria merecer citação no jornalismo de música de verdade.

MM: Como você enxerga o Laboratório pop nos próximos anos?

Referência indie. E não falo só de música ou cinema mas também de comportamento – que é onde nasce a coisa toda. Mais: a ambição é falar com o planeta.