RODRIGO FONSECA
Diva suprema do terror contemporâneo, Mia Gypsy Mello da Silva Goth, modelo e atriz inglesa de 29 anos, neta de Maria Gladys, botou a Berlinale no bolso em sua imersão no universo da loucura autoral de Brandon Cronenberg, ao mergulhar nas águas da “Infinity Pool” do diretor. Filho do aclamado David Cronenberg, realizador de “A Mosca” (1986) e de “Crimes of the Future” (2022), Brandon põe a estrela de “Pearl” (hoje em cartaz no Brasil) e Alexander Skarsgård para viver um casal submetido a uma série de transformações após um acidente. Numa viagem turística por um resort de um país fictício, os personagens deles são submetidos a uma série de mudanças físicas e morais, o que “monstrifica” ambos.
“Você prepara o dever de casa de um filme a partir do set, mas eu evito intelectualizar o processo, para não matar a criação”, explicou Mia à Berlinale, antes de falar ao LABORATÓRIO POP sobre sua maneira singular de construir suas personagens. “Eu busci personagens que sejam desafiadores”.
Seu novo projeto, o thriller “MaXXXine”, deve estrear este ano, formando uma trilogia com “X” (hoje em cartaz na Amazon Prime) e “Pearl”, ambos rodados por Ty West.
“Confio na escolha dos meus diretores”, diz Mia.
Vai ter Berlinale até o dia 26, sendo que o Urso de Ouro e as demais láureas serão entregues pelo júri presidido pela atriz Kristen Stewart no sábado. O filme mais desafiador de todos os concorrentes já exibidos na competição alemã de 2023 é “Afire”, de Christian Petzold. O diretor de “Undine” (2020) deu ao evento sua mais engenhosa estrutura de roteiro, ao narrar a relação de um jovem escritor com uma mulher misteriosa numa casa de campo. É uma relação que mescla literatura e amor, num espetáculo narrativo repleto de lirismo.