Myrna Silveira Brandão, de Nova York
“Miles ahead”, de Don Cheadle, primeiro filme realizado sobre o lendário músico Miles Davis (1926-1991), é um projeto no qual o diretor pôs todos os seus esforços, não apenas atuando, mas também como responsável pela busca de financiamento e produção. O filme, que teve sua première mundial no último sábado (10.10) como o título de encerramento da 53ª edição do Festival de Nova York, marca a estreia de Cheadle na direção.
Roteirizado por ele e por Steven Baigelman, “Miles ahead” é focado no período entre 1974 e 1979, em que Davis estava afastado dos palcos e dos estúdios e teve a ajuda do jornalista Dave Brill (Ewan McGregor), para voltar à ativa. O elenco também conta com Emayatzy Corinealdi no papel de Francis Taylor, primeira mulher de Davis.
Kent Jones, diretor do NYFF, manifestou sua satisfação de encerrar o evento com o filme.
“Tenho uma profunda admiração por Cheadle e por todas as decisões que tomou para fazer o filme. Como ator, roteirista, diretor e um amante da música de Miles, Don sabe que estratégias bem planejadas apenas levam a pontos secundários do projeto e que, no final das contas, o próprio envolvimento e atenção a cada momento e a cada detalhe é que levam um filme à vida”, completou.
Cheadle, por sua vez, agradeceu ao festival e ao comitê de seleção por ter escolhido o filme.
“É muito gratificante que todo o trabalho duro que tivemos para fazer esse filme tenha nos trazido até aqui. A música de Miles engloba tudo, é pra frente, expansiva e Nova York é realmente o local em que ele fez quase tudo. Aqui é o lugar certo e o momento certo”, afirmou Cheadle, que, para fazer o filme, abriu uma campanha de financiamento coletivo para arrecadar dinheiro para os custos.
“Davis não gostava do termo “jazz” como representante do seu trabalho, preferindo dizer que fazia música social. Assim, é bom que a produção tenha sido feita através de uma campanha social”, destaca Cheadle, revelando que não quis fazer um filme convencional sobre o músico.
“Eu não queria realizar uma biografia comum sobre um artista tão singular como ele foi. Se tivéssemos contado a história de uma forma cronológica, mataríamos o filme, porque teríamos ficado presos aos momentos específicos que coincidissem com sua música. Meu desejo era fazer um filme que Davis iria gostar de estrelar”, afirma Cheadle, que tem um excelente desempenho vivendo o protagonista.