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Myrna Silveira Brandão, de Nova York

 

O cineasta Zhang-ke está aqui na 53ª edição do Festival de Nova York duplamente. Além de integrar a seleção principal do evento com seu novo filme, “Mountains may depart”, é o personagem retratado no documentário “Jia Zhang-ke, um homem de Fenyang”, de Walter Salles, exibido nesta quinta-feira (1) na prestigiada paralela Spotlight on Documentary. Mostrado com a presença de Salles e Zhang-ke, o filme recebeu calorosos aplausos do público. “Um homem de Fenyang” estreou no circuito brasileiro em setembro após ter sido lançado na Mostra Internacional de São Paulo e integrado a Mostra Panorama do Festival de Berlim.

 

Zhan-ke é um diretor obstinado em focar seus filmes nas transformações da China. Por suas lentes passaram inúmeros personagens que, de uma forma ou de outra, buscam encontrar estratégias para conviver com as benesses e mazelas atuais da poderosa potência asiática.

 

O diretor brasileiro, por sua vez, traz à tona fatos, acontecimentos e memórias, a maioria inéditos, que nos levam a conhecer um pouco mais sobre esse ainda jovem cineasta de 45 anos.

 

Uma câmera na mão acompanha Jia pelas ruas de sua cidade natal, onde ele visita sua antiga casa e as ruas e pessoas que marcaram sua infância. Salles investe em uma série de excelentes transições entre depoimentos do cineasta e retorno aos lugares por onde ele rodou “Xiao Wu”, “Plataforma”, “O mundo”, “24 City”, “Em busca da vida” e “Um toque de pecado”.

 

Além das sessões programadas com o filme, Salles participou na noite de um evento aberto ao público na programação do festival denominado “Diálogos com os diretores”.

 

Moderado por Michael Gibbons, um dos coordenadores do evento – e com a presença de muitos brasileiros – Salles falou sobre sua carreira, seus filmes e a motivação para realizar “Um homem de Fenyang”.

 

Ao fim, conversou com o LABORATÓRIO POP sobre a seleção para o NYFF e a receptividade que espera do público americano.

 

“Estou muito honrado de estar aqui no festival, não só pela qualidade de sua seleção, mas também pelo diálogo que ele possibilita com o público”, destacou o diretor, não disfarçando a satisfação com a repercussão que o seu filme está tendo.

 

“O ponto de partida do filme foi meu desejo de entender melhor a obra de alguém que eu admirava. Cada novo filme dele reforça a sensação de que ele se tornou o cineasta chinês que melhor traduz o nosso tempo. Espero que o documentário contribua para que os espectadores daqui tenham essa mesma percepção”, ressaltou.