Bridge-of-Spies

 

Myrna Silveira Brandão, de Nova York

 

Steven Spielberg não lançava um filme desde 2012. O último tinha sido “Lincoln”, mostrado aqui Festival de Nova York naquele ano, com gente saindo pelo ladrão. Neste domingo (4) não foi diferente. A première mundial de “Ponte dos espiões”, seu novo trabalho, estava lotadíssima na prévia para a imprensa poucas horas antes da sessão de gala para o público à noite. Além de ser um esperado novo trabalho do cultuado diretor, há também Tom Hanks, que estrela o filme e é sempre uma atração no NYFF, onde esteve recentemente como o personagem título de “Capitão Phillips”. Os irmãos Ethan e Joel Coen, em conjunto com Matt Chaman, assinam o excelente roteiro, que expressa com veracidade um suspense dramático ambientado nos anos da Guerra Fria.

 

“Ponte dos Espiões” é baseado em fatos reais e se passa durante o período da Guerra Fria. Hanks interpreta James Donovan, advogado que foi enviado pela CIA para negociar uma troca de prisioneiros com a União Soviética: um espião comunista detido nos EUA por um piloto americano abatido e capturado na União Soviética.

 

Antes, porém, iria ser preciso convencer a Justiça americana sobre a legitimidade da troca. Além de focar no drama de tribunal, o filme é um thriller engenhoso, mostrando toda a tensão que envolve a participação do advogado na missão, desde o perigo enfrentado em uma viagem a Berlim Oriental até ameaças à sua família.

 

Em “Ponte dos Espiões” Spielberg volta a trabalhar com Hanks, que já esteve em três dos seus filmes – “O resgate do soldado Ryan” (1998), “Prenda-me se for capaz” (2002) e “O terminal” (2004).

 

O diretor não esteve  na sessão prévia para a imprensa, mas, como tem declarado em entrevistas, só tem elogios para o ator.

 

“A história de Donovan é sobre um indivíduo de princípios, um cara honesto, enfim, um papel sob medida, para Tom Hanks. Cada colaboração com ele é melhor que a anterior, Nos divertimos muito juntos”, ressalta.

 

Spielberg diz que vivenciou a guerra fria e foi algo que lhe impressionou muito quando criança.

 

“O filme traz uma história que eu conheço bem e faz parte de minhas lembranças. Tinha plena consciência da insegurança naquele tempo, principalmente para os jovens. Filmes nos diziam o que fazer, em caso de um ataque aéreo”, conta o diretor, que vê relação entre essa época e os dias de hoje.

 

“Há muitos pontos semelhantes entre o fim dos anos 1950 e agora. Hoje, usamos drones (aparelhos para realizar tarefas arriscadas ao ser humano e comum entre aparatos militares), enquanto, naquela época, eles usavam aviões espiões U2”, compara, revelando que fazer um filme sobre espiões era uma ideia antiga.

 

“Sempre me fascinou o valor de entretenimento da série de filmes de espiões de James Bond, assim como os romances sobre o tema”, afirma Spielberg, lamentando que não tenha sido possível ter John Williams no projeto.

 

A trilha sonora é de Thomas Newman, 12 vezes indicado ao Oscar. Será a primeira vez em 30 anos que o lendário John Williams não assina a trilha musical de um filme de Spielberg. O veterano compositor, de 83 anos, não pôde participar por problemas de saúde, mas retomará a parceria com Spielberg na adaptação para o cinema do livro “The BFG”, de Roald Dahl.

 

“Newman fez um excelente trabalho e John voltará no meu novo filme. Somente duas vezes não trabalhamos juntos em 42 anos. A primeira foi em “A cor púrpura em 1985”, que teve música de Quincy Jones, e a segunda agora. Ambos ficamos tristes com isso, mas nos emociona voltar a trabalharmos juntos em The BFG”.

 

Spielberg, que já tinha realizado “Munique” em 2005, uma incursão bem-sucedida envolvendo espionagem e terrorismo, retorna ao tema em mais um grande filme de sua carreira.