“Captain Phillips”, de Paul Greengrass, terá sua première mundial nesta sexta (27) como o filme de abertura da 51ª edição do Festival de Nova York (que vai de 27 de setembro a 13 de outubro).

 

Mostrado numa concorridíssima sessão prévia para a imprensa, o novo filme do diretor britânico é um thriller focado na relação entre o Capitão Richard Phillips e Muse, seu adversário somaliano.

 

Com locações na costa da Somália, o filme reproduz a história real do sequestro do navio americano Maersk Alabama pelos somalianos e a colisão inevitável de dois homens que se defrontam com forças econômicas fora do seu controle e pagam um alto preço por isso.

 

Baseado no livro “A captain’s duty: Somali pirates, navy Seals, and dangerous days at sea”, de Richard Phillips e Stephan Talty, o filme foi roteirizado por Billy Ray.

 

Tom Hanks, duas vezes ganhador do Oscar (“Filadélfia”, de 1994 e “Forrest Gump – O contador de histórias”, de 1995) tem um ótimo desempenho vivendo o personagem título.

 

Kent Jones, diretor do NYFF, manifestou sua satisfação em dar as boas vindas a Greengrass, que retorna ao festival onde teve um grande sucesso em 2002 com “Domingo sangrento”.

 

“‘Captain Phillips’ é uma experiência fantástica. Neste ponto de sua carreira, Greengrass se transformou num mestre em mergulhar na realidade de conflitos geopolíticos. Eu estou orgulhoso que este filme de ação, um verdadeiro  thriller da vida real, coroado pelas brilhantes interpretações de Hanks e dos quatro estreantes somalianos (Barkhad Abdi, Faysal Ahmed, Barkhad Abdirahman e Mahat M. Ali) esteja abrindo esta edição”, declarou.

 

Leia os principais trechos da entrevista de Greengrass, Hanks e Abdi após a projeção, da qual participou o Laboratório Pop.

 

Greengrass iniciou a coletiva dizendo que gosta de histórias com raízes na vida real, já que filmar algo que realmente aconteceu fala mais de perto sobre o mundo em que vivemos.

 

“No caso deste filme, a pirataria é algo que todo mundo entende, seja do Japão, da Europa, dos EUA, todos sabem alguma coisa sobre isso. E afeta quase todos os países. Como as nossas economias se entrelaçam, as rotas de navegação são as vias arteriais que ligam o comércio do mundo”, afirmou o diretor, contando que ficou mais impressionado com o fato depois que leu o livro escrito por Richard Phillips.

 

“Desde então pensei em trazer essa história para as telas. Nem sempre temos tantas informações para fazer um filme, mas neste caso, havia muito material, desde quando o navio zarpou, o barco pirata, o ataque, o capitão Phillips no bote salva-vidas quando ele tenta escapar. É uma história dramática e fascinante”, completou Greengrass, revelando que teve vários encontros com o verdadeiro capitão Phillips.

 

“Foi muito interessante mergulhar no seu mundo. Esses homens são uma espécie de caminhoneiros do mar, são a força motriz da economia global e nunca estão realmente longe de perigo. Este é também um dos cernes do filme”, disse o diretor, com a concordância de Hanks.  

 

“Para me preparar para o papel, eu precisei conhecer melhor o capitão Phillips e estive algumas vezes com ele em Vermont onde vive com sua mulher. Eu fiquei muito impressionado que, após ter sofrido um drama tão trágico, ele tenha conseguido voltar ao mar”, ressaltou o ator, reiterando que conhecê-lo foi fundamental para viver o papel.

 

“Entender a força de Phillips era essencial para compreender o tipo de homem que ele é na realidade”, afirmou.

 

Hanks contou que teve um ótimo relacionamento com Greengrass com quem nunca tinha trabalhado antes.

 

“Paul me explicou seu estilo de filmar com câmera na mão e sem marcações. Nós encontrávamos todos os dias, discutíamos por uma ou duas horas e filmávamos, sem ensaios, de uma só vez.  Ele tem um método diferente da maioria dos cineastas, mas que é prático e funciona”, enfatizou.

 

Abdi, por sua vez, num tom pausado e calmo, contou que Greengrass o colocou juntamente com os outros atores somalianos, num rigoroso esquema de treinamento.

 

“Paul nos disse que não deveríamos ser apenas atores, nós tínhamos que nos transformarmos em piratas. O pior é que eu nem sabia nadar, mas após algumas semanas de treinamento, nós realmente nos transformamos em piratas”, contou o ator destacando que a cena mais difícil foi a tomada do navio pelos somalianos.

 

Sem deixar de elogiar a equipe e os demais atores, Greengrass disse que Hanks foi o grande apelo para realizar o projeto.

 

“Fiquei muito feliz que ele tenha aceitado o papel. Ele teve um desempenho incrível, poderoso e brilhante, interpretando um homem comum de frente para um perigo intenso, num contexto de um mundo globalizado”, concluiu.