por Myrna Silveira Brandão, de Nova York

O ator e diretor Ben Stiller foi muito aplaudido neste sábado (5) ao apresentar o aguardado “The secret life of Walter Mitty”, que está na programação do Festival de Nova York com o status de peça central, dedicado a trabalhos criativos e inovadores.

 

O filme é mais uma prova do talento multifacetado de Stiller.  Além de ótimo ator, ele já provou que atrás das câmeras pode transitar em vários temas, como pode ser visto em “O pentelho” (1996), com Jim Carrey;  “Zoolander” (2001), sobre um modelo decadente que vira agente secreto; e “Trovão tropical” (2008) em que faz uma sátira sobre Hollywood.

 

Não satisfeito, Stiller agora procura se afastar do gênero comédia e, embora mantendo seu característico viés bem humorado, mergulha na história escrita por James Thurber (1894-1961), publicada pela primeira vez em 1939 no “The New Yorker”, sobre Walter Mitty, editor de fotografia da Revista Life e sua viagem num mundo de fantasias, romance e ação.

 

Liderado por Stiller, que interpreta Mitty, o filme tem um ótimo elenco que inclui Adam Scott, Kathryn Hahn, Patton Oswalt, Sean Penn e a veterana Shirley MacLaine.

 

Ken Jones, diretor do festival, manifestou a satisfação de ter o filme como peça central do evento.

 

“‘The secret life of Walter Mitty’ é uma ótima viagem e fiquei emocionado de ter o filme como nossa Centerpiece”, declarou.

 

Stiller, por sua vez, destacou a importância de lançar seu filme no NYFF.

 

“Eu cresci há alguns quarteirões do Riverside Drive (avenida perto do Lincoln Center, sede do festival), não poderia ficar mais feliz com a première aqui”, ressaltou.

 

O diretor conta que fazer um filme sobre a vida de Walter Mitty era um projeto antigo, desde que o roteiro original chegou às suas mãos. A proposta inicial  era um remake da primeira adaptação para o cinema – “O homem de oito vidas”,  de Norman Z. McLeod com Danny Kaye vivendo Mitty, mas Stiller e o roteirista Steven Conrad (de “À procura da felicidade”), decidiram dar outro rumo ao projeto.

 

“Li o roteiro e cheguei à conclusão que, excluindo os fãs ardorosos de Danny (Kaye) Walter Mitty não é um filme presente no imaginário do grande público. Assim, eu não conseguia ver  relevância em levar novamente aquela comédia rasgada para o cinema. Conversei com Steven e resolvemos criar algo diferente e  mais próximo do livro de Thurber”, explica o diretor, que com seu filme, estabelece algumas conexões com o trabalho de Wes Anderson, com quem trabalhou em “Os excêntricos Tenenbaums”.

 

“Desde ‘Pura adrenalina’ (1996), Wes inventou um jeito novo de filmar, com uma estética visual única. Nós dois somos fãs dos mesmos diretores, crescemos vendo os mesmos filmes. As obras de Wes e de alguns cineastas da mesma época ficaram na minha mente e conduziram minha câmera para fazer Mitty”, diz, revelando que Walter Mitty é o filme que sempre sonhou fazer um dia.

 

“Queria também que fosse o meu filme mais bonito e que tivesse outro tom. Não há problemas se ele também for engraçado, mas desta vez a comédia está a serviço da emoção e  da história do Walter”, afirma Stiller, acrescentando que, como em seus outros filmes, o humor está presente, mas não é o fio condutor.

 

“Em todos os momentos da preparação do filme, do roteiro às filmagens, fomos guiados pela ideia de deixar para trás todos os estereótipos possíveis e fazer com que o personagem saísse  da caixinha e ganhasse o mundo”, conclui.