Rodrigo Fonseca
Filme sensação da última Berlinale do qual saiu com o Prêmio do Júri Ecumênico, a aula de ironia com CEP na Macedônia chamada “God exists, Her name is Petrunya” caminha para uma exibição no Festival de Odessa, na Ucrânia, no dia 20 de julho, antes de estrear na Itália e abrir um invejável circuito europeu. Com foco na condição feminina e em todas as opressões que a ceram, esse drama de tom cômico alça a diretora Teona Strugar Mitevska a um patamar de estrela entre as novas cineastas do Velho Mundo.
“A solidariedade é o caminho para as mulheres”, disse ela ao Laboratório Pop: a diretora tem hoje 44 anos e era conhecida pela curta “Veta” (2001) e pela longa “When the day had no name” (2017).
No roteiro de seu novo longa-metragem, Teona sintetiza uma série de debates atuais, como a desigualdade salarial entre mulheres e homens, agressão, abuso sexual e fundamentalismo nas religiões. A trama de seu “Gospod postoi, imeto i’e Petrunija” (título original) segue uma historiadora desempregada, Petrunya (Zorica Nusheva), cheia de problemas com a mãe, resgata das águas de um rio gelado uma cruz cristã que foi jogada lá por um padre em um ritual de fé só para homens. Seu gesto incendeia uma onda conservadora de repúdio e ela acaba na delegacia, para depor sobre sua “transgressão”.
“Venho de um lugar pequeno, onde os homens se acham espertos, mas, diferentemente de Petrunya, eu tenho chance de trabalhar com o que amo”, diz Zorica.
Estima-se que o filme seja uma das sensações da Mostra de Cinema de SP.