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Pills For Tomorrow: a França muito além do eletrônico

Guitarras hipnóticas e vocais flutuantes criam poderoso muro de som

por Robert Halfoun

De Grenoble, na região do Rhône, Laurent Gouviaux e Nathalie Valion fazem uma bela mistura de shoegaze (com destaque para um atmosfera etérea bem marcante) com neo-psicodélico de primeira.

Eles começaram a tocar como Moleskine, em 2021, com uma abordagem mais minimalista e dream pop somado a nunces eletrônicas. Um ano depois, veio a mutação para Pills For Tomorrow e uma evolução surpreendente.

No single mais recente, “Let it Rain”, as guitarras cheias de fuzz gritam em pouco mais de 8 minutos de música fácil de colocar para tocar e se deixar levar.

Laurent e Nathalie estão longe de serem garotos e vêm claramente aperfeiçoando um caminho muito legal que já ouvimos nos singles que vieram antes de “Let it Rain”, lançada em outubro de 2024.

As influências são bem claras e passam por bandas como The Brian Jonestown Massacre, My Bloody Valentine, Ride, Mogwai, Spacemen 3 e The Black Angels.

Todas as músicas, incluindo uma boa versão de “Shadowplay”, do Joy Division, estão nas plataformas de streaming. E, pouco a pouco, o Pills For Tomorrow vem marcando posição na cena indie construindo uma plateia que vai além do shoegaze.

Desde 2023, vale dizer, a dupla virou banda com a chegada de Augustin Garnier (bateria), Laurent Prost (baixo) e Fabrice Brechenmacher (guitarra). A nova formação trouxe ainda mais peso e profundidade ao som atmosférico e imersivo do PFT.

A receita traz riffs de guitarra que se entrelaçam para criar ondas sonoras hipnóticas, sustentadas pela sólida base rítmica do baixo e da bateria. Sobre tudo isso surgem os vocais delicados e quase espectrais que flutuam sobre uma base sonora realmente densa e poderosa.

A estética e a mensagem da banda refletem uma era de incertezas e introspecção, onde “os amanhãs nem sempre chegam sem pílulas”.