RODRIGO FONSECA
Terminou ontem a edição carioca do 27º Anima Mundi, com a vitória do filme português “Tio Tomás – A contabilidade dos dias”, de Regina Pessoa. De um detalhismo milimétrico na representação da rotina de um absorto contador e do dia a dia de travessuras de sua sobrinha, este ensaio lusitano sobre o processo de falência existencial carrega todo o lirismo que fez da diretora de “A noite” (1999) uma das maiores animadoras da Europa. Conquistou o Prêmio do Júri do Festival de Annecy, na França, a maior vitrine da animação mundial. Este ano, em SP, o Anima vai de 24 a 28 de julho, no Itaú Cultural (Av. Paulista, 149 – Bela Vista), no Petra Belas Artes (R. da Consolação, 2423 – Consolação), no IMS Paulista (Av. Paulista, 2424 – Consolação) e no Auditório Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral – Vila Mariana).
“Apneia”, de Carol Sakura e Walkir Fernandes, do Paraná, que vai concorrer aos Kikitos de Gramado, em agosto, recebeu o Prêmio Anual da Associação de Críticos do Rio de Janeiro, a ACCRJ. Com uma sutileza singular, este mergulho nos traumas de infância tangência fantasmas de abusos enquanto gera metáforas ligadas a substâncias líquidas, numa relação mãe e filha. Os diálogos transbordam poesia, como se vê em falas do tipo: “Nem sempre quem vai à água te socorrer aprendeu a nadar” ou “Havia um mar dentro da minha mãe; quando eu saí, ela secou”.