RODRIGO FONSECA
Tá cheio de coisa boa na programação desta quarta do Festival do Rio 2019, que conta com cerca de 200 filmes em seu cardápio do ano, com destaque para uma refilmagem francesa do cult brasileiro “O invasor” (2001), de Beto Brant, agendada para esta tarde. Com sessão às 16h30, no Kinoplex São Luiz, a produção, chamada “Persona Non Grata”, é dirigida pelo ator e cineasta Roschdy Zem (de “Chocolate”). Com base no roteiro (também encarnado em forma de romance) de Marçal Aquino, o longa-metragem passou pelo Festival de Cartago, na Tunísia, em outubro, sendo cercado de elogios. Na trama, decalcada dos escritos de Marçal, os empreiteiros José Nunes (Nicolas Duvauchelle) e Maxime Charasse (Raphaël Personnaz) são amigos e sócios minoritários em uma construtora que está passando por dificuldades. Para proteger seus interesses, eles tomam uma decisão radical e acabam vinculados a um segredo obscuro. Quando começam a vislumbrar um futuro melhor, no entanto, um estranho sujeito, Moïse (o próprio Zem, em sublime atuação) (re)aparece em suas vidas, lembrando-lhes que nenhum delito pode desaparecer por completo. Moïse é o equivalente à figura de Anísio, o assassino encarnado por Paulo Miklos no filme original de Brant.
No remake pilotado por Zem, a montagem de Monica Coleman galvaniza a alta temperatura das tensões de classe inspiradas pela matriz de Aquino e de Beto, preservando a reflexão sobre exclusão. É um pertinente ensaio da onipotência financeira diante das atuais contradições econômicas da França, em especial nos conflitos com suas populações de imigrantes.
Rola mais projeção de “Persona Non Grata” no RJ: tem uma nesta quinta, às 14h, no Reserva Cultural; tem uma domingo, às 13h15, no Estação Net Rio.
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