Há o preconceito e há a burrice. O preconceito é alimentado pela ignorância; a burrice, pelo desconhecimento. Ivo Meirelles enfrenta ambos obstáculos há décadas, desde o Funk’n Lata, passando pela Mangueira e aportando agora em carreira solo. Depois de uma participação controversa na “Fazenda”, o cantor e compositor desembarcou no Rock in Rio para provar mais uma vez o músico inventivo, suingado – além da boa voz esquecida pelo samba-pop nos últimos anos. Ao fim de seus 40 minutos de batucada, suor e lágrimas, Ivo, até então desencontrado da nova geração, abraçou a brasilidade com orgulho. E tirou a máscara do preconceito.
O show, com participação de Elba Ramalho, Fernanda Abreu , da bateria da Mangueira e do companheiro de reality Yudi, foi pulsante. Abriu com uma pedrada ditando o Hino Nacional, passou por hits do pop nacional como “Pescador de ilusões”(Rappa), subverteu a “Cocaine”, de Eric Clapton, com uma versão brazuca anti-droga, sempre misturando funk, rock, samba-batuque e metais em brasa.
Elba Ramalho e Fernanda Abreu participaram do show renovando as brasas dos batuques. Fernanda e Ivo, cuja ligação é antiga, trocaram suingue em “Rio 40 graus” e “Veneno da lata”; Elba veio de “Frevo mulher” e “Que nem Jiló”. De todo lado surgia eletricidade. Mas de tudo o que Ivo mostrou ficou a cara para bater, os riscos assumidos e um resultado bem-sucedido para o (re) começo da carreira musical.