Stepan Nercessian, uma espécie de Perério versão paz & amor, completa 70 anos em dezembro

Rodrigo Fonseca
Tá rolando uma seleção primorosa de longas-metragens brasileiros nas madrugadas da TV aberta, na Globo, mapeando a produção nacional contemporânea. Esta noite tem “Chacrinha – O Velho Guerreiro”, que garantiu um troféu mais do que merecido a Stepan Nercessian, no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro por seu desempenho primoroso. É uma produção de 2018, que teve pré-estreia no Odeon, em meio ao Festival do Rio. Houve uma ovação ao fim da sessão da cinebiografia de Abelardo Barbosa no evento carioca. Parte considerável dos aplausos (a mais calorosa) foi para seu protagonista, que atualmente se dedica a escrever (bons) livros. Lançou faz pouco “Garimpo de Almas” e “Guia Prático para Inadimplentes e Negativados”.
Ator-fetiche de Andrucha Waddington, com que trabalhou na série “Sob Pressão” e na franquia “Os Penetras”, Stepan é responsável por momentos antológicos (e comoventes) em “Chacrinha – O Velho Guerreiro”. Goiano de Cristalina, ele completa 70 anos em dezembro. Sua notoriedade nas telas aconteceu em 1969, ao protagonizar o cult “Marcelo Zona Sul”, um libelo sobre a rebeldia juvenil, dirigido por Xavier de Oliveira. Desde então, contabilizou participações em filmes míticos, como “Rainha Diaba” (1974) e “A Gargalhada Final” (1979), tendo sido o Querô, de Plínio Marcos no thriller “Barra Pesada” (1977), de Reginaldo Faria. Mas a mítica pessoal em torno de em sua persona de fanfarrão fez com que ele custasse a ser reverenciado como um dos grandes atores do cinema brasileiro.
Em 2007, ele iluminou o Festival de Brasília como coadjuvante em “Chega de Saudade”. Mas chegou a hora dos louros num trabalho com protagonismo: “Chacrinha” é “A” atuação de sua carreira, consagrando sua maneira despojada de atuar. Stepan é uma espécie de Paulo César Peréio versão paz e amor, com um talento raro para simbolizar as angústias e as alegrias do povão. A exibição na Globo, na madrugada deste domingo, está marcada para 2h45.