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Myrna Silveira Brandão, especial para o LABORATÓRIO POP, de Berlim

 

Na próxima quinta feira (9),  o Festival de Berlim dá início à sua maratona cinematográfica que vai até o dia 19. Considerado um dos eventos mais importantes do mundo, a Berlinale, que está na sua 67ª edição,  apresentará mais de 300 títulos, além de debates, seminários, retrospectivas e homenagens. “Django”, de Etienne Comar, dá a partida ao festival e também está na disputa pelo Urso de Ouro. O filme conta a história da lenda do jazz Django Reinhardt, que fugiu de Paris enquanto a cidade era ocupada pelos soldados de Adolf Hitler em 1943 e teve sua família caçada pelo regime nazista. Coerente com seu conhecido viés político,  o festival programou uma extensa série de eventos para participação dos refugiados que inclui, entre outros, oferta de tíquetes para filmes, cursos sobre cinema, palestras, acompanhamento por mentores e visitas a sets de filmagens. O Brasil tem uma das melhores participações dos últimos anos no festival, com 12 títulos selecionados. LABORATÓRIO POP está em Berlim com Myrna Silveira Brandão e Carlos Augusto Brandão com mais uma cobertura especial.

A sessão  mais importante do festival, cujo júri será presidido pelo cineasta holandês Paul Verhoeven, exibirá um total de 24 filmes, 18 em competição. A delegação europeia lidera o número de títulos com filmes como:  “Spoor”, de Agnieszka Holland (Polônia); “Ana, mon Amour”, de Cälin Peter Netzer (Romênia); “The Party”, de Sally Potter (UK); “Colo”, de Teresa Villaverde (Portugal); “The other side of hope”, de Aki Kaurismäki (Finlândia);  “Beuys”, de Andres Veiel, e  “Return to Montauk”, de Volker Schlöndorff, ambos da Alemanha.

 

Além de “Joaquim”, a América do Sul está representada também pelo Chile com “Una Mujer Fantástica”, de Sebastián Lelio, que volta à Berlinale, onde fez muito sucesso em 2013 com o seu tocante “Glória”. Outros destaques incluem:  “The dinner”, do americano Oren Moverman; “On the beach at night alone”, do sul-coreano Hong Sang-soo; e a animação “Have a nice day”, do chinês Liu Jian.

 

Fora de competição, serão mostrados dois filmes que estão entre os mais esperados do evento, tanto pelos nerds quanto pelos mais antigos fãs da franquia:  “Logan”, de James Mangold (EUA), terceira aventura solo do mutante Wolverine;  e “T2 Trainspotting”, de Danny Boyle –UK.

 

Depois de “Praia do Futuro”, de Karin Aïnouz, em 2013, voltamos a concorrer  ao Urso de Ouro com “Joaquim”, de Marcelo Gomes, centrado na figura de Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), o soldado do Império que se transformou no líder da Inconfidência Mineira.

 

“Durante minha última participação na Berlinale em 2014 com o “Homem das multidões” (co-dirigido com Cao Guimarães), os debates após as sessões foram muito ricos, reflexivos e reveladores. O público de Berlim é muito especial e é um grande estímulo para qualquer diretor”, disse o diretor pernambucano ao LABORATÓRIO POP.

 

Na Panorama, a paralela mais prestigiada do festival, nossas cores marcam presença em quatro títulos: na Panorama Principal foram selecionados: “Pendular”, de Julia Murat, sobre o relacionamento entre um escultor e uma dançarina;   “Como nossos Pais”, de Laís Bodanzky, um painel afetivo de três gerações em São Paulo; e “Vazante”, de Daniela Thomas –  que trata das relações raciais no Brasil do início do século 19 – e que abrirá a mostra.

 

Numa declaração ao LABORATÓRIO POP,  Thomas manifestou sua satisfação por estar na Berlinale.

 

“É muito emocionante que “Vazante”, meu primeiro filme solo, tenha sido selecionado para a Panorama. É um filme que precisa de uma plataforma como essa para encontrar seu público”, ressaltou.

 

“No intenso agora”, de João Moreira Salles – que justapõe imagens de quatro eventos históricos dos anos 1960 –  foi selecionado para a Panorama Dokumente. Além das sessões do filme, Salles participará de um encontro no Berlinale Talents para analisar a influência de revoluções e figuras revolucionárias passadas no mundo atual, tendo por base a abordagem do seu filme.

 

A Geração,  mostra destinada aos jovens, também tem marcante presença brasileira.  Foram selecionados: “Mulher do pai”, de Cristiane Oliveira; “Duas Irenes”, de Fabio Meira; e “Não devore meu coração”, de Felipe Bragança,  que teve estreia mundial no Sundance mês passado.

 

Na Mostra Fórum, por sua vez,  composta sobretudo por filmes de arte, o país está representado  por “Rifle”, de Davi Prietto, uma espécie de faroeste gaúcho, que foi o vencedor do prêmio de roteiro e som no último Festival de Brasília.

 

O Brasil também tem filmes nas mostras de curtas-metragens: “Estás vendo coisas”, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, disputa o Urso de Ouro do formato; “Vênus, Filó, a fadinha lésbica”, de Sávio Leite, animação inspirada num poema de Hilda Hilst, está  na Panorama;  e “Em busca da terra sem males”, de Anna Azevedo, integra a  Geração K-Plus.

 

E também  na Berlinale Books – que seleciona obras com potencial de serem adaptadas ao cinema – tem Brasil:  “O remanescente”, de Rafael Cardoso, publicado no país pela Companhia das Letras e na Alemanha pela Fischer, é um dos concorrentes.

 

Fora do idioma português, mas com um dedinho brasileiro,  “Call Me By your Name”, do italiano Luca Guadagnino –  um drama de amor gay, selecionado para a Panorama –  tem entre seus produtores a RT Features, do carioca Rodrigo Teixeira.

 

Retrospectivas e Homenagens 

 

Na  tradicional Mostra Retrospectiva, a programação é dedicada aos filmes de ficção científica. Será mostrado um total de 27 títulos  internacionais, incluindo clássicos como  “No mundo de 2020”, de Richard Fleischer (1973);  “THX  1138”, de George Lucas  (1971); e o  filme dinamarquês “A trip to Mars”, de Holger-Madsen, que estreou em 1918.

 

O Urso Honorário, tributo tradicional concedido para um artista pelo conjunto da obra, será dado para a figurinista italiana Milena Canonero, responsável pelos costumes de “O Poderoso Chefão”, “Laranja Mecânica”, “Entre dois amores” entre dezenas de outros.

 

 

 

FILMES DA MOSTRA OFICIAL

 

Django, de Etienne Comar – França

Ana, mon Amour, de Cälin Peter Netzer – Romênia / Alemanha /França

On the Beach at night alone, de Hong Sang-soo – Coreia do Sul

Beuys, de Andres Veiel – Alemanha (documentário)

Colo, de Teresa Villaverde – Portugal / França

The Dinner, de Oren Moverman – EUA

El Bar, de Álex de la Iglesia – Espanha – fora de competição

Félicité, de Alain Gomis – França / Senegal / Bélgica / Alemanha / Líbano

Final Portrait, de Stanley Tucci – UK / França – fora de competição

Have a Nice Day, de Liu Jian – animação – República Popular da China

Bright Nights, de Thomas Arslan – Alemanha / Noruega

Joaquim, de Marcelo Gomes – Brasil / Portugal

Logan, de James Mangold – EUA – fora de competição

Mr. Long, de Sabu – Japão / Alemanha / França / Irlanda

The Party, de Sally Potter – UK

Spoor, de Agnieszka Holland – Polônia / Alemanha

Return to Montauk, de Volker Schlöndorff – Alemanha / França / Irlanda

Sage Femme, de Martin Provost – França / Bélgica – fora de competição

T2 Trainspotting, de Danny Boyle – Reino Unido – fora de competição

On Body and Soul, de Ildiko Enyedi – Hungria

The Other side of Hope, de Aki Kaurismäki – Finlândia

Una Mujer Fantástica, de Sebastián Lelio – Chile / Alemanha / EUA

Viceroy’s House, de Gurinder Chadha – Índia / Reino Unido – fora de competição

Wilde Maus, de Josef Hader – Áustria