Rodrigo Fonseca
É noite de Liam Neeson na TV aberta: “Vingança a sangue-frio” (“Cold Pursuit”) é a atração deste “Domingo Maior”, na Globo. A projeção começa às 23h55, depois de “Tô Nessa!”. Hans Petter Moland, cineasta norueguês premiado por longas como “Um homem um tanto gentil” (2010) e “Uma nova vida” (2004), é o realizador da fita. Ao longo de 31 anos de uma carreira coroada por múltiplas indicações ao Urso de Ouro, o diretor fez da excelência visual (nas raias do deslumbre) o seu norte de trabalho. Cada quadro de seus filmes carrega uma potência plástica rebuscada, às vezes até excessiva, mas que demonstra reflexão formal, num desapego às convenções da trama, no desejo de libertar as imagens pelas fraturas na psiquê de seus personagens. Um flerte de Hans com a cartilha do thriller, o ótimo policial escandinavo “O cidadão do ano” (2014), despertou o interesse de Hollywood por um remake. Eis o que a emissora carioca projeta no fim deste 15 de dezembro. Dublado por Armando Tiraboschi, Liam vive Nels Coxman, motorista de um caminhão removedor de neve, adorado por todos. Apesar de sua bondade inequívoca, ele vai libertar os demônios em sua alma depois de perder um filho. O rapaz é morto por um engano da máfia. Cabe a Nels eliminar seus assassinos. O modo como Hans enquadra a ambientação nevada, em paisagens canadenses, tira esta narrativa das convenções do gênero. Temos aqui uma secura no desenho das personagens que só bambas autorais como Don Siegel (de “Madigan – Os impiedososd”) e Michael Winner (de “Jogo sujo”) faziam. A bilheteria no exterior foi de US$ 76 milhões. Hans e Liam acabam de filmar “Último Alvo”, ainda inédito por aqui.