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Oracle Sisters: trilha sonora de uma Paris vibrante e antenada

Indie-pop gostosinho de ouvir encontra o surrealismo de Rimbaud e Baudelaire

por Robert Halfoun

Lewis Lazar e Christopher Willatt foram reunidos por um golpe do destino em Paris, onde conheceram a musicista e modelo finlandesa Julia Johansen. E, que bom, começaram a fazer música juntos até que foram apontados como um dos artistas mais relevantes de uma nova geração, em 2019, pelo jornal inglês NME.

Agora, a banda parisiense chega ao segundo álbum com uma abordagem ainda mais ambiciosa, introspectiva e com muito mais identidade. Divinations é a trilha sonora de uma Paris contemporânea na qual as composições poéticas claramente influenciadas no surrealismo de nomes como Baudelaire e Rimbaud encontram o indie-pop com ar atemporal, como se cada faixa transitasse por diferentes épocas sem perder a coesão.

Há ecos de Leonard Cohen, resquícios do experimentalismo dos Talking Heads e algo de folk-rock e de dream pop também. O conjunto, enfim, é fácil e palatável para qualquer criatura que goste de música pop.

Ele é resultado de arranjos bem trabalhados que equilibram guitarras sutis, bases orquestrais discretas e andamentos com balanço gostosinho – sem exagero.

A canção “Marseille” resume tudo isso. Destaque ainda para “Alouette” (pulsante e uma linha de baixo marcante), “Blue Left Hand” (David Byrne vai adorar), “Velvetten” (com grande atmosfera) e “Banshee” (uma baladinha para sonhar).

Divinations foi gravado em diferentes estúdios em Paris e num celeiro no interior da França, além de uma rápida passagem por Los Angeles. Curiosamente, o álbum reflete essa diversidade geográfica, numa viagem em busca da música que transcende modismos e busca algo mais profundo – tanto na sonoridade quanto na narrativa.