Imagina um festival em que você não gasta mais do que dez minutos entre sair do metrô e chegar ao palco principal. Agora, some a isso diversas atrações que poderiam facilmente estar no lineup de eventos como Rock in Rio ou Lollapalooza, além de quatro palcos com excelente visibilidade de praticamente qualquer ponto do parque. Esse festival existe: chama-se Shaky Knees. Em setembro, o Laboratório Pop foi até Atlanta conferir a 12ª edição dessa celebração roqueira, realizada pela primeira vez no belíssimo Piedmont Park.
Ao longo de doze anos, o Shaky Knees se consolidou como um dos principais encontros do rock, indie e alternativo nos Estados Unidos. A edição de 2025 trouxe uma programação que mesclou nostalgia — com artistas consagrados — e apostas em nomes emergentes que logo estarão entre os grandes headliners. Essa mistura atraiu públicos de várias gerações: dos quarentões e cinquentões saudosos até uma galera jovem que curtiu três dias de sol, calor e, claro, muita música boa.
Sexta-feira – Abertura em alto estilo
O primeiro dia teve como grande atração o Deftones, que fez seu primeiro show de grande porte desde o lançamento do novo disco. Entre clássicos e novidades, a banda levantou as mais de 40 mil pessoas que lotaram o festival logo na estreia. Outros destaques foram o sempre elegante Lenny Kravitz, os ícones do rock alternativo Pixies e Spoon, além das revelações The Marías e Inhaler — esta última, liderada pelo filho de ninguém menos que Bono Vox.
Sábado – Emo, rock alternativo e hip hop lendário
O sábado amanheceu nublado, aliviando um pouco o calor dos fãs de camiseta preta que lotavam o parque. Era o dia mais esperado do festival, com a apresentação do My Chemical Romance. Vindos de uma turnê de estádios com ingressos esgotados em minutos, eles entregaram um show cinematográfico: da ópera rock Welcome to The Black Parade com uma encenação que contava a história de um país dominado por um ditador. O público oscilava entre prestar atenção no espetáculo e cantar em uníssono cada verso de seus inúmeros sucessos.
Antes deles, o duo The Black Keys animou os fãs quarentões com seu garage blues cru, só guitarra e bateria. Outro momento marcante foi a performance de Johnny Marr — eterno guitarrista do The Smiths — que misturou faixas solo com clássicos de sua antiga banda. O hip hop também teve seu espaço: Chuck D e Flavor Flav incendiaram o palco com o Public Enemy, considerada a banda mais importante da história do gênero.
Entre as novidades, o destaque foi para os australianos do Radio Free Alice, com forte influência do college rock dos anos 80, e para uma trinca britânica que deu o que falar: Fat Dog (rock eletrônico), Soft Play (punk rock dançante) e a irreverente CMAT, irlandesa que mistura country, pop e rock em um show desbocado e vibrante.
Domingo – Chuva, nostalgia e um encerramento inesquecível
O último dia chegou com céu carregado e um pouco de chuva, mas nada que desanimasse os fãs. O Blink-182, em sua formação original, fechou o festival com uma sequência de hits que levou as 50 mil pessoas presentes a cantar em coro cada refrão.
Antes deles, o público ainda foi presenteado com apresentações cheias de nostalgia: 4 Non Blondes, os veteranos do Devo, o lendário Weird Al Yankovic, Vampire Weekend, Stereophonics e Franz Ferdinand garantiram um domingo de pura celebração roqueira.