Praticamente sem lugares para bandas autorais alternativas tocarem, o Rio de Janeiro sempre foi considerado o túmulo do rock, mas ontem, as milhares de pessoas que lotaram a Jeunesse Arena mostraram que, em matéria de Heavy Metal, a cidade vai muito bem, obrigado. A dobradinha Inglaterra x Estados Unidos com Bring me the horizon e Slipknot encontrou uma plateia ensandecida, que fazia mosh pits a cada música cantada a plenos pulmões. Composta de 90% de homens, a testosterona estava em alta em Jacarepaguá e o vapor dos corpos subia a cada vez que o público era iluminado. Poderia até ser visualmente bonito, se em determinado momento o calor da noite misturada com o suor do público não tivesse feito a Arena feder insanamente. Isso aí é rock ́n ́roll!
Para mim foi quase como relembrar a primeira vez que vi os ainda adolescentes do Iowa. Era 1999, no Astoria, em Londres e eles estavam em turnê do disco de estréia. O show mais barulhento e caótico da minha vida, com os nove malucos pulando pelo palco sem parar, com seus tambores gigantes, fantasias e máscaras macabras. 23 anos depois, o Slipknot é uma das maiores bandas do mundo, headliners de qualquer grande festival que se preze e, se por um lado o que se vê agora é uma super produção visual, no som ao vivo eles não aliviam nem um pouco, ainda tocando quase duas vezes mais alto que a banda de abertura e deixando o ouvido de todos zunindo depois do show.
Foi uma apresentação praticamente sem músicas novas (apenas uma do bom disco lançado em 2022 foi tocada, quase com um pedido de desculpas do vocalista Corey Taylor), e o setlist passeou por todas as fases do grupo, não esquecendo de hits com mais de duas décadas de vida como “Spit it out” e “Wait and bleed”, cantadas em coro por jovens que nem eram nascidos quando as músicas foram lançadas.
A abertura ficou por conta da “maior banda de rock da Inglaterra”, segundo o jornal britânico The Guardian, o Bring me the horizon”. Grupo que lota estádios na Europa, fez uma multidão de fãs desafiarem o trânsito e chegarem cedo em Jacarepaguá. E ninguém saiu frustrado, os garotos de Sheffield entregaram sua mistura de música pop e death metal recheada de hits e efeitos visuais até melhores do que o show principal.
Foi uma noite perfeita, dois shows de bandas gigantes num lugar relativamente pequeno como a Jeunesse Arena. Coisas que só a cidade túmulo do rock faz por você…