por Myrna Silveira Brandão, de Nova York

 

Joe Brewster e Michèle Stephenson mal conseguiram conter a ansiedade quando seu filho Idris, junto com seu amigo Seun,  passaram pelas portas da Dalton School, no primeiro dia do jardim de infância.

 

Prestigiada escola de Nova York, Dalton é quase que exclusivamente para brancos e soava como uma promessa de um futuro melhor para os dois meninos, ambos afro-americanos.

 

Stephenson, advogada de direitos humanos e Brewster, que estudou psiquiatria em Harvard, são também  documentaristas e na ocasião decidiram realizar um projeto ambicioso, filmando a vida dos dois jovens na escola.

 

O resultado dessas filmagens, que duraram 12 anos, é tema do documentário “American promise”, que impressionou a plateia do Festival de Nova York na sessão prévia para a imprensa.

 

O filme mostra como a expectativa do casal de que a Escola Dalton abriria as  portas de um futuro melhor para os jovens, logo se transformou numa grande preocupação, os levando a questionar  se a experiência estaria ajudando ou prejudicando os meninos.

 

O filme segue numa crítica ao sonho americano, levantando questões sobre racismo, discriminação e desigualdades sociais, e trazendo à tona a luta pela identidade das crianças afro-americanas, em uma sociedade que continua a discriminá-las.

 

Na coletiva após a projeção – da qual participou o LABORATÓRIO POP –   Brewster falou  sobre o filme e os resultados que espera ao trazer essa experiência à tona. Leia os principais trechos:

 

O  filme é sobre a Diáspora Africana?

 

Joe Brewster – É também sobre isso, na verdade, nós todos afro-americanos,  somos  produtos da diáspora africana. Através da trajetória de Idris e Seun, o filme trata de raça, privilégios e diferença de oportunidades.

 

Foi difícil fazer o filme?

 

JB – Tanto foi difícil fazer o filme quanto também decidir se estávamos dispostos a  expor os meninos, os amigos e a nós mesmos revelando essa história para o mundo. Felizmente conseguimos ver que ela era poderosa a ponto de poder contribuir para melhorar nosso desenvolvimento emocional e nosso país.

 

Foi difícil tomar a decisão de reconhecer os próprios erros que tiveram nesse processo?  

 

JB – Esse também foi um desafio. No início, nosso instinto de pais nos avisava que evitássemos mostrar as nossas falhas e nossas vulnerabilidades na frente da câmera. Mas, ao longo dos anos, percebemos que empurrar as coisas para baixo do tapete não era bom, que o caminho correto era a transparência.

 

Quais resultados esperam com o filme?

 

JB – Esperamos que as pessoas adquiram uma maior compreensão da situação injusta de meninos afro-americanos. Todos nós, pais, educadores e instituições nos beneficiaremos  com essa compreensão e com a possibilidade de tornar a promessa americana uma realidade para todos.

 

Como definiriam o filme numa frase?

 

JB – É um  filme que pergunta a cada um de nós : qual é a promessa americana?