76 Festival de Locarno, Cinema

‘What Remains’: farol do thriller

Por Laboratório Pop

Rodrigo Fonseca
Assim como seus irmãos, Alexander e Bill, o ator e diretor Gustaf Skarsgård herdou de seu pai, Stellan, um talento avassalador para a implosão, como se vê em “What Remais”, uma das grandes apostas do 76. Festival de Locarno nas veredas do thriller. Ele e Stellan estão juntos em cena, numa narrativa sombria e tensa, que assombrou plateias em suas sessões em telas suíças. A direção é do cineasta e artista visual chinês Ran Huang, mas a produção é escandinava.
Ambientado nos anos 1990, “What Remains” se passa na Escandinávia, no perímetro de um hospital psiquiátrico, onde un interno, Mads (Gustaf), está prestes a receber alta, embora seja vigiado pela polícia por uma suposta conexão com uma série de infanticídios. A terapeuta Anna (a brilhante Andrea Riseborough) vai tratar dele, a fim de checar se as fraturas de sua psiquê já se curaram e arrancar algum olhar dele sobre crimes que checaram seu país. Mas a vinda de um incorruptível investigador alcoólatra, Soren (Stellan, em sublime atuação), vai abrir feridas outrora cicatrizadas que cercavam Mads.
Fotografado por Christopher Blauvelt, “What Remains” entrou na grade de Locarno para valorizar a vinda de Stellan, que recebeu um prêmio honorário pelo conjunto de sua obra.

Só faz crescer a boa acolhida a “Pássaro Memória”, um dos concorrentes brasileiros da seção Pardo di Domani, voltada para curtas-metragens. A direção é do carioca Leonardo Martinelli, que foi premiado no evento suíço em 2021, com “Fantasma Neon”. Na trama, uma jovem (Ayla Gabriela) se embrenha pelo Rio atrás de uma ave de estimação que se perdeu. A premiação será realizada no sábado.