RODRIGO FONSECA
Rolou um prêmio para o curta-metragem teuto-brasileiro “Du Bist So Wunderbar”, de Leandro Goddinho e Paulo Menezes, no encerramento do 76. Festival de Locarno, neste sábado, que coroou o thriller iraniano “Critical Zone”, de Ali Ahmadzadeh, com o Leopardo de Ouro. Os dois títulos, cada um à sua maneira falam de estratégias de sobrevivência. A produção do Brasil fala da árdua jornada de um animador do Brasil para arrumar um lugar para morar numa Berlim bem desconfiada de estrangeiros. Já a produção do Irã, arrebatadora, acompanha o dia a dia de um traficante de drogas de boníssimo coração que fornece entorpecentes para pessoas muito fragilizadas pela vida. Chega a servir bolo de chocolate “batizado” de cânhamo para um grupo de idosos de uma casa de repouso. Seu conteúdo avesso aos códigos de censura do Irã pode render a seu diretor uma temporada na prisão.
Ao fim da premiação, um projeto de DNA iraniano, chamado “Shayda”, saiu do papel. Dirigido por Noora Niasari, o longa-metragem encerrou a programação do evento, em projeção fora de competição. Sua protagonista é Zar Amir Ebrahimi, ganhadora do prêmio de Melhor Interpretação em Cannes, em 2022, por “Holy Spider”. “Vamos manter o cinema livre. Vamos manter Locarno Locarno”, disse Giona A. Nazzaro, o diretor artístico do festival suíço, que, uma vez mais marca seu nome como grife de excelência na indústria curatorial.

“Critical Zone” ganhou o troféu mais cobiçado de Locarno, mas pode levar seu diretor à prisão perpétua no Irã, por desafiar os vetos à liberdade de expressão

PREMIAÇÃO DE LOCARNO

Leopardo de Ouro: MANTAGHEYE BOHRANI (CRITICAL ZONE) de Ali Ahmadzadeh (Irã)

Prêmio Especial do Júri: NU AȘTEPTA PREA MULT DE LA SFÂRȘITUL LUMII (DO NOT EXPECT TOO MUCH FROM THE END OF THE WORLD) de Radu Jude (România)

Melhor direção: Maryna Vroda (STEPNE)

Melhor Interpretação: empate entre Dimitra Vlagopoulou (ANIMAL) e Renée Soutendijk (SWEET DREAMS)

Menção honrosa: NUIT OBSCURE – AU REVOIR ICI, N’IMPORTE OÙ de Sylvain George (França)

Concorso Corti d’Autore (Curta Autoral): THE PASSING, de Ivete Lucas e Patrick Bresnan

Pardo di Domani (Melhor Curta): EN UNDERSØGELSE AF EMPATI (A STUDY OF EMPATHY), de   Hilke Rönnfeldt (Dinamarca)

Pardino d’argento (Leopardo de Prata de Curtas): DU BIST SO WUNDERBAR de Leandro Goddinho e Paulo Menezes (Brasil e Alemanha)