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Myrna Silveira Brandão, de Nova York

 

Dois adolescentes rebeldes ficam grandes amigos e iniciam uma viagem transcendental. Esse tema simples é o ponto de partida de “Microbe & Gasoline”, de Michel Gondry, destaque desta quarta (23.09) nas prévias para a imprensa da 53ª edição do Festival de Nova York. O filme também integra a seleção do Festival do Rio (01 a 14.10). O diretor de filmes como “Rebobine por favor”, “A espuma dos dias” – e sempre lembrado por “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” – traz em seu novo trabalho um tom biográfico que remete à infância e ao resgate de sonhos não realizados

 

A história segue Microbe (Ange Dargent) e Gasoline (Théophile Baque), o primeiro apelidado pelo seu tamanho e o outro pelo seu amor a carros, que encontram no vazio de suas vidas, o espaço para uma grande amizade.

 

Microbe – incompreendido em casa e não muito querido na escola – e Gasoline – quase sempre ignorado – decidem construir uma casa sobre rodas e fazer uma viagem para o local onde Gasoline esteve quando era ainda uma criança. No caminho está prevista uma parada para visitar o antigo amor de Microbe (Diane Besnier). O elenco se completa com a  atriz francesa Audrey Tatou (“O fabuloso destino de Amélie Poulain”), interpretando a mãe de Microbe.

 

O filme segue a linha da obra do diretor, conhecido pelo lirismo fora do convencional, irreverência e condução narrativa que privilegia a alegria, mesmo nos momentos em que é necessária uma carga dramática maior.

 

Gondry assume que o filme é autobiográfico e que foi fácil escrever o roteiro, já que fazia parte de suas memórias.

 

“Quando os personagens começaram a existir eu podia ouvir suas vozes. Só precisava digitar no teclado o que já estava na minha mente”, conta Gondry, descrevendo-os mais detalhadamente.

 

“Nas minhas lembranças eu era o mais tímido, mas meus amigos dizem que quando adolescente eu já tinha um pouco esse temperamento que mobiliza e direciona os acontecimentos e os outros”, explica.

 

Quanto ao viés intimista da história, Gondry diz que foi intencional, já que queria mesmo fazer um filme mais pessoal.

 

“Depois que fiz “Espuma dos dias”, eu tinha medo de não ser capaz de contar uma história de forma mais convencional. Por isso, eu precisava e queria fazer um filme mais íntimo, mais focado”, ressalta.

 

“Microbe & Gasoline” é um filme pequeno, descontraído e pessoal, cheio de humor, ternura e um doce ar de nostalgia, bem condizente com a declaração do diretor sobre ele.

 

“Com esse filme, finalmente eu realizei o meu sonho”.